terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Laços

Pego no fio e faço um nó.
Faço um nó e desfaço-o.
Desfaço-o lentamente
Enquanto observo as voltas que dei.
Não estava bem feito, penso e faço outro.
Outro nó, enquanto me enredo na linha.
Volto a desfazer, mais devagar, desta vez.
Volto a fazer e a desfazer e a fazer e desfazer,
Cada vez mais lentamente.
Onde está a outra ponta,
Pergunto no meio do emaralhado.
Cada vez mais enredada e
Perdida no meio de nós
Que vou deixando pelo caminho.
Nós e mais fios e mais nós
Nós? Ou só nós?
Fica a tinir no ar....
Não tinha percebido, não tinha mesmo,
Que não são nós. Paro e recomeço
E, desta vez, faço um nó devagarinho,
Com toda a calma, para no fim
Ver que criei um laço.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O que resta

Foi há muito, muito tempo, numa terra próxima, tão próxima quanto a distancia de um palmo o pode ser, que o ar brilhou um pouco mais claro, uma aura se iluminou e, tocada pela brisa e pelo sal, se esfumou...
A magia regressou de onde nunca tinha partido e a distancia encurtou.
Há muito, muito tempo, numa terra tão distante, tão distante quanto o ar o pode ser, os olhos cruzaram-se e a magia regressou.
Almas gémeas, dizem alguns sem perceberem muito bem o que dizem.... Quantas? Tantas....
Em cada olhar que se reconhece, em cada particula que procura a estabilidade para logo de seguida se descobrir volátil.
O ar iluminou-se e passado esta distancia não deixo de ficar espantada com a genuinidade e com a saudavel loucura da certeza que me faz mover e agir.
Não sei o que mais me espanta, se o transparente que fiquei àquela luz, se o nem ter sentido medo ou coragem.
Volátil, tão volátil que tudo surge num instante para, passado algum tempo, quase nenhum nestas coisas do tempo, se evaporar e transformar noutra coisa qualquer...
As formas continuam a rodar, as luzes a brilhar e o coração a suspirar... por quem? Por quem dobram os sinos?
A magia regressa... mas quanto da amante resta quando os amantes desaparecem?