13:33
Preciso de escrever... preciso de escrever e nem sei o que. As palavras atropelam-se os dedos enrodilham-se. E o pensamento... vazio.
13:34
Ontem estive aqui, comecei a escrever e apaguei tudo. Não ia dizer nada e achei que se dormisse sobre o assunto (não dizer nada) me passava ou então conseguia expressar-me. Como é que se fala sobre não dizer nada?
13:35
Mas tenho algo para dizer. Só posso ter e não estou a descobrir o que. Tenho, talvez, algo a dizer a mim própria... ou então só preciso de escrever.
13:36
Não costumo ser obsessiva. Quanto muito compulsiva (vou ter de ir ver a definição da palavra), mas não é normal ter ouvido em repeat a mesma musica no mp3 durante quase toda a manhã.
13:38
E os minutos passam e eu na mesma... a perseguir (ou a ser perseguida?) por uma musica, por siglas e palavras, por letras, sons e imagens. Enovelam-se e sucedem-se e eu fico a ve-las passar. A unica coisa que aumenta é esta urgencia.
13:40
Não sabes que não faz mal? Não sabes que mereces? Tenta! Acredita!
13:42
Hoje vi vacas leiteiras em plena Pr. de Espanha... Primeiro pensei que fossem estátuas, de tão imóveis pareciam estar. Quando olhei com mais atenção percebi que estavam vivas e se moviam lentamente, assustadas por alguém ter achado que a relva no meio das estradas barulhentas se poderia assemelhar a um pasto verde e silencioso. Estavam assustadas, moviam-se lentamente, espantadas pela confusão e ruido. O que será que passa na cabeça de algumas pessoas? A que preço se faz a publicidade?
13:44
Já se passaram 11m?? Continuo sem perceber....
13:45
E como não largo o teclado presumo que ainda tenha algo mais a escrever... faço silencio, respiro fundo, centro-me... deixo-me ir...
E a vida leva as aguas que lavam a planicie e a montanha. O vento leva as nuvens e a chuva e com ela as aguas que lavam a montanha verde. O que é ou quem é a montanha verde?...
13:49
Fecho os olhos e vejo uma encosta enovoada, de vegetação rasteira verde e coberta de orvalho... Olha no que as vacas me puseram a pensar.
13:50
Devia alugar um camião de transporte e leva-las para onde devem estar. Não ali. Mas onde as vejo.
13:51
A cidade é uma violência. Uma violencia psiquica, mental, emocional, ruidosa em todos os aspectos. Como é que não se fica anestesiada?
Porque é que aqui continuo? Ando à espera do que??
13:55
É verdade que, desde que voltei à cidade e à poluição, não tive outro remédio senão aprender a centrar-me no meio da multidão. Ou isso ou a minha faceta borderline caía para qualquer sítio estranho.
13:57
É verdade que aprendi à minha custa a ligar e desligar o botão da sensibilidade exagerada. Ainda não sei se isto é bom ou mau... é o que é. Sentir permanentemente os outros não me dava espaço para perceber o que sentia. É o que é...
13:59
Não me apetece que os minutos passem para as 14:00. Se nunca mais olhar para o relógio , pode ser que não passe. Olho outra vez e continua sem passar... Não vou olhar... não vou olhar....
14:00
Olhei! Raios! Maldita numerologia! Tenho de arranjar um botão para os simbolos e arquétipos. Tem estado sempre ligado e às paginas tantas fico com a sensação que continuo a tentar dizer algo a mim mesma e não percebo o que...
14:02
Devia estar a trabalhar... devia estar a trabalhar e não estou. Aprendi uma palavra nova: Procrastinar! Significa adiar o que se tem de fazer muito para além da pressão da ultima hora. Passam os prazos e começa a sentir-se culpa de se saber que há coisas que devem ser feitas e que já se deixou passar os prazos há muito tempo...
14:05
Como se existisse prazo mais importante que não adiar o coração. Agora lembrei-me do poema e da musica. O poema é mais bonito que a musica...
14:07
Não adies o coração...