quinta-feira, 30 de abril de 2009

Quem Me Mandou a Mim Querer Perceber?

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo...
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Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXII" Heterónimo de Fernando Pessoa

sábado, 25 de abril de 2009

Uma questão de Fé

Faço, desde há 4 anos, apoio a peregrinos de fátima, 2 vezes por ano, em Outubro e em Maio.
O primeiro ano fui meia desconfiada... fátima sempre foi aquele local ambiguo, onde a energia primária é muito boa, mas tudo o que acontece à sua volta me deixa mal disposta e enjoada.
A questão sacrificio, o auto-flagelamento das voltas de joelhos e o cumprimento de promessas foi sempre uma coisa estranha para mim.
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Quando fui a primeira vez foi, exactamente, para perceber o que motivava aquelas pessoas. O apoio é feito na ultima noite, em Alcanena, antes das pessoas fazerem o ultimo troço da caminhada. São mais de oito horas a tratar de bolhas nos pés e a fazer massagens. Fui e tenho ido acompanhada de outras pessoas e alunos e saimos de lá completamente exaustos mas interiormente muito mais ricos. No meio das mais de oito horas ouvimos, perguntamos, mimamos e somos mimados de uma forma extraordinária. Apesar da exaustão pergunto-me sempre "Quem dá o que a quem?"
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Encontra-se de todo o genero de pessoas... desde a senhora de 80 anos que vai cumprir uma promessa pela neta que está doente, o ex-toxicodependente que vai todos os anos com um cajado e todos os anos o marca por mais um ano limpo, as inumeras pessoas que vão sem fé em fátima, mas com toda a fé em si proprios e em algo mais que nem sabem definir, às pessoas que vão em busca de si mesmas e dos seus limites...
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Ao longo deste tempo tenho percebido e espantado com as motivações, tenho aceite os sacrificios e tenho percebido que entre as pessoas que caminham poucas são a que chegam a fátima e se mantém mais que uma ou duas horas no interior do santuário. Essas chegam com a sensação clara que já está.... já cumpriram o que tinham a cumprir, já purgaram o que tinham a purgar... e no ano seguinte repetem. Não por uma questão de fé em fátima... mas porque sim. É a viagem anual ao seu interior.
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120 km em que um pé à frente do outro se chega mais proximo de uma qualquer fronteira. Cada uma daquelas pessoas tem essa fronteira definida, seja ela uma cura, uma comemoração ou a sua propria fronteira, o derrubar dos seus muros e barragens, o deixar sair toda a agua estagnada e permitir que o rio volte a correr...
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E eu dizia para mim propria... hei-de fazer, sim. Mas será a de Santiago de Compostela! E relembrava a maravilhosa cidade, com toda a sua vibração, as paisagens do minho e os caminhos que esconde.... lembrava o verde, o fértil...
Até perceber que apesar de mais longa torna-se mais fácil... não existe aridez, os olhos olham para fora, pois tuda a região é bela... Não existem razões para sermos confrontados com as regiões mais escondidas de nós mesmo, com os recantos mais escuros... o que está no exterior é mais apelativo.
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E no meio destes pensamentos, faz em Maio 1 ano, a meio de uma pausa ao olhar para as pessoas que descansavam enquanto esperavam pelo jantar deu-me uma das maiores travadinhas que me têm dado nos ultimos tempos... percebi claramente que a fazer algum caminho teria sempre de fazer primeiro aquele. Nem houve tempo para decidir. Nem sei se decidi. Só sei que percebi que tinha que o fazer... e que teria de ser em silencio. Sem uma palavra, sem um queixume, sem um desabafo, sem nada que me distraisse para o exterior.
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Sei, pela experiencia do que tenho observado, que o que vou fazer é uma violencia. Sei que 120km a pé e em silêncio durante 3 dias me vai levar a uma qualquer fronteira... e que não sei o que vai estar do outro lado.... nem sei o que vou encontrar pelo caminho.
Não sabia com quem iria, com que grupo iria, quem me iria buscar.
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Vou este ano... vou daqui a 2 semanas.... contagem decrescente..... vou lado a lado com uma amiga que resoveu acompanhar-me, que aceita e respeita o facto de ir em silencio. Não podia ter pedido melhor apoio. Vamos inseridas num grupo engraçado, em que as pessoas se apoiam e conhecem. Só me faltava pedir a alguém que nos fosse esperar às portas de fátima. Não vamos entrar na cidade, muito menos no santuário.
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E aqui começaram a surgir as minhas primeiras fronteiras. Não sei como vou estar, não sei o que vou sentir, não sei o que vou encontrar. Não sei como vou estar no fim do caminho. Não sei em que condições fisicas e emocionais. Não sei se vou querer estar em silencio ou falar o tempo inteiro na viagem de regresso, não sei se vou chorar ou rir ao regressar a Lisboa. A pessoa que nos viesse buscar iria ter de saber respeitar isso, iria ter de saber que estava tudo bem e que era natural. Comecei a pensar nas minhas pessoas e ocorreram-me de imediato 3 delas.
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O que vou fazer é uma coisa tão pessoal que tenho hesitado falar sobre isso com a maioria das pessoas. Até ao momento em que publicar isto apenas 7 pessoas sabem da minha boca o que vou fazer. Nem os meus pais sabem... não disse a nenhum deles. Não me tem apetecido ter de justificar algo que não posso justificar em português, em palavras. Não me tem apetecido receber a mesma reação de desconfiança que eu propria teria há alguns anos. Não me apetece sequer dizer a frase mais simples:
"Não é uma questão de fé em fátima... é uma questão de fé em mim propria"
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Falei com cada uma dessas 3 pessoas, pensando que saberiam, perceberiam a importancia que tinham nesta descoberta...
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Uma disse de imediato que não podia e falou sobre o tempo...
Uma disse que não podia e compreendi o porque...
Uma disse que não sabia e nunca mais se falou sobre isso...
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Foram 3 pessoas e 3 chapadas...
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Percebi perfeitamente o porque das 3 pessoas que pensei que podia confiar para a viagem de regresso não se terem mostrado disponiveis.... percebi perfeitamente o corte na confiança e a questão disponibilidade.... percebi de tal forma que ficou um vazio... qualquer vazio é doloroso no inicio... e esta dor ainda está a passar com todo o esforço inerente para não me deixar insensivel e embrutecida por ela...
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Ainda não percebi porque é que estou a ter dificuldade em encontrar viagem de regresso... é uma viagem sem retorno? Ou simplesmente não estou a pedir às pessoas certas?...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mais um titulo

A Moiça das Papoilas achou este blog merecedor do Prémio Lemiscata
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Nas palavras da sua criadora, este selo foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos leitores.
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Regras do Prémio Lemniscata:
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1 - O premiado deverá expor o selo no seu blog e atribuí-lo a 7 outros blogs que considere merecedores.
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Que tem de simples o que tem de encantador e transparente, que transforma o que sinto e muito do que escrevo em imagens maravilhosas. Uma das minhas mais recentes descobertas por aqui e uma das mais deliciosas. Por ser simples.
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Outra descoberta recente. Apesar de pouco assidua é de uma sensibilidade e profundidade pouco habituais.
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Que se desenha por traços, palavras e imagens. Que se desenha por ventos e tempestades. Mais uma alma que me encanta e que, sempre em busca, desperta sorrisos, desperta pensares.
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Pelo extraordinário trabalho de pesquisa e divulgação da musica tradicional e do mundo, por me dar um cheirinho do que se faz, do que se ouve, do que se canta e encanta aos ouvidos das pessoas que pertencem ao Mundo.
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E nas minhas incursões pela net descobri alguém que podia ser uma outra mim, que escreve de forma diferente, se apresenta de forma diferente, tem um tempo diferente, faz coisas diferentes e ao mesmo tempo... :)
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E para já ficam estes.
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2 - O premiado deverá responder à seguinte pergunta: O que significa para si ser um Homo sapiens?
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Estão a brincar? Tipo cientificamente, anatomicamente, emocionalmente, fisiologicamente, mentalmente?? Querem que diga o que significa ser um homo sapiens? Resposta aqui.

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Se me perguntassem o que é ser pessoa... diria que é ser poeta, o que não anda longe da explicação anterior...
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Se estivessem aqui talvez não dissesse mais que "É", sorrisse e depois, se sentissem, talvez a outra pele, que não esta, sentisse... e soubesse.
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O melhor de descobrir o que significa ser pessoa é perceber que a parte divertida é mesmo.... descobrir sem nos dizerem ;)
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Beijo no coração papoila bonita. Vemo-nos por aí a bailar *

terça-feira, 21 de abril de 2009

Namaste

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
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encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
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ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
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E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
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David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 17 de abril de 2009

100

100 mensagens...
Cem, mais exactamente, cem vezes que aqui venho dizer qualquer coisa.
Aproveitei o momento para lavar a cara ao blog e actualiza-lo visualmente para o que me sinto agora.
Cem momentos.
100 que nesta volta, volta ao 1
Quem segue o blog está mais que farto de saber porque cá volto, porque aqui escrevo. Não tão assim simplesmente, é uma forma de diário em que escrevo o que me passa pela vida e como vou passando por ela.
Cada um de nós, cada pessoa que passa por mim na rua leva um mundo com ela. Muitas vezes paro a observar e a perguntar-me como será. Como será? Como é que veem o mundo daquele lado? Tantas realidades. Cada um de nós tem uma perspectiva unica do mundo e dos outros.
Quando passo pelos outros vejo a aparencia fisica, vejo como se comportam, como andam, como se vestem, adivinho o que fazem e o que sentem. Imagino as suas rotinas diárias. Mas fica sempre a questão: o que ve quem está atrás daquele olhar, daquele andar, daquela forma de estar. O que vê?
Esta é uma forma de mostrar isso. Com todas as minhas caracteristicas. Com tudo o que vejo e sou no meu melhor e no meu pior. Com todas as alucinações que se passam deste lado dos olhos. Com toda a minha estranheza ao mundo e a mim mesma. Aos outros. É uma forma de me diferenciar? Talvez... talvez sim. É uma forma que não esperei que tivesse os resultados que está a ter. Tornar-me transparente no que vejo, torna-me mais real.
Não escolho na totalidade o que aqui partilho. Ainda me pergunto como é que fui capaz de expor determinadas questões minhas. Mas, curiosamente, o te-las escrito, ter tido a coragem (ou inconsciencia) de ter carregado no botão de publicar (que até é uma palavra assustadora) e mante-las sem lhes mexer é... libertador.
Libertador é a melhor definição para que aqui faço... A verdade liberta.
A minha verdade liberta-me.
Acabei de perceber que, muito mais que uma forma de expressão, é uma forma de purga, de libertação. Pois cada questão plasmada e libertada me deixa mais leve.
E a voces, que estão desse lado do ecran a ler isto, só posso agradecer por me permitirem isso. Seja casualmente, seja de forma mais assidua, o simples facto de saber que o que escrevo é publico, que qualquer pessoa me pode entrar pelos olhos e ver um bocadinho do que vejo, o aceitar isso e ter cada vez menos medo de o fazer deixa-me.... mais transparente. Como os dois zeros do um. Depois de tudo o resto ir, ser visto, comentado nem que seja mentalmente, fico apenas eu.
A quem ressoar, a quem quiser, a quem me aceitar assim, como sou...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O que quero!

-"Tens uma vista linda sobre o Tejo... só é pena ver-se o Alto de S. João"
- "Bem antes pelo contrario.... relembra-me todos os dias que estou vivo!"
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Ligaram-me há dois dias a darem a noticia que uma antiga aluna minha tinha falecido....
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Desisti de trabalhar directamente em saude, depois de seis meses em que faleceram 4 pacientes meus, o que na altura me abanou por todo o lado e me obrigou a parar para pensar nas minhas escolhas de vida....
Fui para a formação por gosto, por necessidade e por trabalhar sempre com caras novas. E a ultima coisa que esperava é que me relembrassem aqui o quão efemeros são os nossos corpos, as nossas vidas, o que tomamos por garantido.... é a segunda vez que o fazem.
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E a minha tempestade interior passou completamente nessa noite. Passou quando voltei a olhar para o meu percurso de vida, principalmente nestes ultimos anos, e percebi que tenho feito exactamente o que tenho que fazer, tenho ido exactamente para onde tenho de ir, tenho estado exactamente com quem tenho de estar.
Antes do telefonema, tinha-se saltado da boca um "Faço o que me apetecer!", orgulhoso, de nariz empinado, provocador... A forma como o disse não podia ter sido pior. Mas ainda não o sei dizer melhor. Sempre foi a forma mais eficaz de dizer :"Não tentem influenciar as minhas escolhas, não me venham dizer o que fazer.... utilizem essa energia nas vossas vidas e permitam-me e respeitem que o faça na minha!".
Ao olhar para o meu percurso, depois do telefonema e ainda com o "faço o que me apetecer" a tinir nos ouvidos, relembrei todas as vezes em que respeitei e fui honesta comigo mesma e com o que sinto, em que não me permiti acomodações e contra tudo e todos rompi com situações e fui ter com outras. Em que vivi as consequencias dessas decisões. Em que tive muita gente a chamar-me louca e em que o meu proprio pai me tirou o tapete debaixo dos pés. E apesar de tudo não cedi. Não cedi aos outros, não cedi às circunstancias e às aparencias. Relembrei a dificil escolha de há pouco mais de um ano. Em que, mais uma vez, tive que optar entre respeitar o que sou e o que sinto ou viver uma mentira de aparencias.... toda a gente passa por isto, mais cedo ou mais tarde. É tão mais facil escolher a segurança, a aparente segurança, é tão mais tentador!
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E, no entanto, escolhi-me. Escolhi o que sou, o que sinto e o que quero!
Esta é uma forma mais simpatica de dizer "Faço o que me apetecer!", sem nariz empinado, sem provocação, sem encher o peito. Já poderia ter aprendido a dizer isto de outra forma... Mas não escondo de ninguém que também sou antipática, bruta e torcida, para além de doce e delicada, nesta estranha forma de vida. Cada vez menos.... mas de quando em quando.... acontece, para me lembrar que não gosto de estar assim e que tanta energia, tanta força pode ser direccionada para coisas mais produtivas.
Escolhi-me. Escolhi o que sou, o que sinto e o que quero. E continuo a escolher. E adivinhem??
"O faço o que me apetecer!" faz-me estar aqui, convosco, contigo *, a fazer exactamente o que quero, o que sinto e o que sou, de coração cheio, grande e um sorriso rasgado na face e nos olhos!
E, à laia de provocação, pergunto: "E agora?" *

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Parar de Pensar!

Desisto!
Não me apetece pensar mais. Não me apetece tomar decisão nenhuma!
A minha cabeça entrou de férias!! Oficialmente!
Quando não tem solução, solucionado está.
Principalmente quando ainda não percebi o que é para escolher... pronto aqui começa, também oficialmente, o momento de alucinação...
Com todos os sinais ligados não consigo! Já chega!!
A entrar em contagem decrescente num crescendo... O que é que querem que faça?
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Nada!!
Estava-se mesmo a ver...

sábado, 11 de abril de 2009

Mestres e Iluminação - II

"Os budas incarnados andam por aí e sabem que não precisam de titulos. Os que se intitulam "n`importe quoi" é que me alertam o nariz :) E mesmo assim dou o beneficio da duvida. Não vou bater mais nos ceguinhos e vou parar de reclamar sobre isto.
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A questão é sempre a mesma e a minha é muito obvia: é claro que adoraria ter um Mestre. Sei que o procuro. Mas quando, nessa busca encontro gato por lebre e percebo que os "gatos" que por aí andam se alimentam mais ou menos descaradamente da energia dos"seguidores"...... Está-me na guelra, o que é que querem? lol Fico passada com a situação.
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A pessoa que me iniciou no reiki é uma pessoa extraordinária, conhecia-o pessoalmente, trabalhei com ele. Tinhamos reuniões (satsangas, se preferirem) em que se faziam partilhas, introdução à meditação, exercicios energéticos, e imensas outras coisas. Só não faziamos yoga LOL Ele fazia questão de ser tratado pelo nome, dizia claramente que não era mestre porque aprendia quando estava a orientar as reuniões e recusava qualquer forma de salamaleques.... houve um momento em que deixou de as fazer porque percebeu que se estava a alimentar energéticamente pela semi-idolatração das pessoas que iam à reunião. E na altura um pouco antes disto, eu propria deixei de ir por não querer fazer mais parte de uma situação daquelas.
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Quando mestres iluminados dizem - gente, parem tudo o que estão a fazer e apenas sejam!!! - Tirou-lhes o chapéu e faço-lhes uma vénia até aos pés! Percebo perfeitamente o que querem dizer. Não é preciso livros, palestras, cursos, diplomas, exercicios complicados, austeridades e outras dificuldades ou complicalidades.... Às tantas, o pessoal quer tanto fazer isto e aquilo e mais acoloutro e aquilo é importante e o demais é fundamental, temos que nos comportar assim e assado....... Quando não é nada disto! Persistencia!! Isto é o mais importante. Seres persistente no ganho de consciencia!! Não de conhecimento ;)
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Consciencia espiritual implica persistencia, desapego, simplicidade Conhecimento espiritual implica facilitismo, ganho de poder, dinheiro e confusão
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E quando um senhor como este diz, parem o que estão a fazer e apenas sejam, ele não diz (ou pelo menos não ouvi) que não dá trabalho parar o que estão a fazer LOL Porque o que dá trabalho é parar, quando andamos nesta acelaração ;) Ele só diz para pararmos...
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Isto é o que vejo do meu cantinho do mundo, mas só vejo um cantinho e posso estar a ter a prespectiva errada da questão. Ou seja não é nenhuma verdade, é só o que vejo neste momento. A rebeldia com que encaro isso é outra questão, mas até o JC (akaJesus Crist) se passou e mandou os vendilhões do templo dar uma volta ao bilhar grande ;) Não me estou a desculpar do mau feitio e sei que até os vendilhões estão no seu caminho. Mas contesto e questiono -SEMPRE! É tão inerente que até a mim me faz confusão...
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Indo de encontro à questão livre-arbritio (e mais umavez é apenas a minha perspectiva): Temos sempre hipotese de escolha, temos sempre livre arbitrio, temos sempre a escolha de contrariar e voltar atrás no que já escolhemos. Temos o poder de decidir. Mas resumo as minhas escolhas do dia a dia a: Estou a ser fiel àquilo que já sinto que sou ou não? O resto são as escolhas de pratos e talheres.
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Foi tão engraçado quando intui sobre isso. Porque andava às voltas como livre arbitrio, com o caminho a seguir, com o precisar de orientação ou não. E disseram-me claramente. Existem pequenas decisões na nossa vida e caminho, podemos florear o caminho ou torna-lo arido, faze-lo sozinho ou numa mesa repleta de gente. Essas são as decisões de aconchego, são aquelas que tornam o caminho o "nosso". Mas não me posso esquecer, nunca me posso iludir pela escolha dos pratos, copos,talheres. O que interessa é COMER. E riam-se que nem uns perdidos da minha confusão LOL
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Tenho escolha nas pequenas coisas, nas de ordem material, na companhia que escolho e peço para surgir. Mas não me posso identificar nem iludir por essas pequenas escolhas ;) Não são essas o objectivo final.
O objectivo é apenas SER
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Beijo no coeur :)*"

Mestres e Iluminação

Mais um mail enviado que, devidamente editado, vale um post pela actualidade ;)
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Foi enviado em resposta a este pequeno e delicioso link:
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"É tão cheio de ego e limitações aquele que ainda não conseguiu baixar os braços e apenas sentir (e estar) aquilo que é, como aquele que se diz detentor da verdade...
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Ainda um destes dias tive uma conversa com um amigo sobre conseguir ou não ignorar o canal (a pessoa) que está a passar uma ferramenta, aprender a ferramenta em questão e utiliza-la (ou não), sem perder a noção que aquela pessoa que a ensina, também está no seu caminho e que, iluminada é provavelmente a ultima coisa que está...
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Cada vez mais percebo que todas as tecnicas ensinadas, todos os rituais, toda a informação que é semi-transmitida serve apenas um proposito: Ganho de poder. Por uma razão ou outra. O que me leva a querer aprender uma asana e a beneficiar dos seus resultados? O que me leva a dar metade da informação?
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A maioria dos intitulados "mestres" que por aí andam, de uma forma ou de outra, acabam por tratar as pessoas que só procuram respostas, como crianças.... e o pior é serem maus pais... só te dou isto se fizeres isto; só no Natal, se te portares bem; eu é que sei o que é melhor para ti...............................................
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Se pegamos numa moto serra para tentar descascar uma maçã é normal que a maçã não acabe em bom estado e nós até podemos achar que perdemos alguma coisa, que a situação foi perigosa e foi uma sorte não nos magoarmos..... mas aprendemos que a moto serra não serve para descascar, nem cortar coisas pequenas e que há-de ter a sua utilidade. Mesmo que não nos sirva, pode servir para alguém.
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Nenhuma tecnica é errada, nenhuma ferramenta é errada, não existem "baralhos maus", assim como não existem asanas más, nenhuma palavra é má, nenhuma acção é má.... as coisas são o que são por si mesmas. E não nos levam a nenhum lado a não ser onde queremos ir (se caminhamos sozinhos) ou estamos a ser levados (quando caminhamos orientados por um "guru"). Porque o que conta em qualquer ritual e na utilização de qualquer ferramenta é a INTENÇÃO com que o fazemos. E aceitar tudo de olhos fechados é estar a desresponsabilizarmo-nos dessa utilização. É desresponsabilizarmo-nos do mais importante: CONSCIENCIA!
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Consciencia e responsabilidade!
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E existe uma diferença brutal entre (in)conscientemente estar a tentar ganhar poder e.... simplesmente baixar os braços. Respirar fundo. Só, respirar fundo e sentir o sorriso que se forma. Sentir o sorriso no corpo todo. E nesse momento até o mundo ganha uma luz diferente. Momentos de iluminação toda a gente os tem :)
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Comecei sozinha a meditar, ainda sem o saber, em frente ao mar. Precisei de ler e falar com pessoas, de tentar e experimentar coisas diferentes para verificar o que me servia e o que não me servia. E a unica linha que sempre me conduziu foi: sentir-me bem comigo e com os outros, deitar a cabeça na almofada à noite e dormir descansada. E se o sorriso dos olhos me perseguisse é porque estava no bom caminho :) No bom caminho para aprender a baixar os braços a cada obstaculo. Como somos seres extraordinários e teimosos andamos sempre à procura de obstaculos diferentes lol
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O que mais ouço dentro de mim, desde que resolvi desistir da pessoa que era há alguns anos é tão simples como:
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Sê, sente, vive plenamente; Simplifica; e mais engraçada: Põe a mesa como quiseres, usa os talheres de prata e os melhores pratos, se te apetecer, ou usa apenas as mãos e uma malga.Porque a unica coisa importante é comer.
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Simples? LLOOOLLLL O problema é que tenho tanto ego como qualquer outro e gosto de complicar ;) Então procuro formas e ferramentas para descomplicar. Para desligar o complicometro. Tudo o que me é apresentado como espiritualidade e não serve esse proposito.... não me serve.
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Parte da minha conversa e linha de pensamento é consequencia, não do ioga em si, mas dos discursos que a seguem... que servem de teste à minha escala de importancia e me servem para perceber um pouco mais como nos movemos uns com os outros... O resto são puros devaneios :D
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Os caminhos para o topo da montanha são infindáveis :) Mas esquecemo-nos tantas vezes que esse caminho é ilusório.... na realidade nós já lá estamos LOL Só que nos esquecemos e tentamos andar, caminhar, chegar a algum lado
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E para finalizar.... :) Cada um tem o seu caminho, os seus tempos, as suas escolhas! Respeitar isso é uma forma de practicar uma coisa maravilhosa que se chama Aceitação.
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eheheh adorei quando ele às paginas tantas diz mais ou menos que o conhecimento espiritual, a iluminação não é mais nem menos que sermos um reflexo da intemporalidade ("deus"). E que isso serve o fascinio que a intemporalidade tem de se reconhecer a si propria :D Lindo!"

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Falar

Como é que, aos 34 anos, continuo a não conseguir abrir a boca para dizer de forma simples e fluida o que preciso de dizer? Como é que a boca se fecha, os lábios se cerram e a garganta se bloqueia desta forma?
Como é que os dedos voam para escrever num teclado à velocidade dos pensamentos, a caneta se move rapidamente e as palavras não saiem?
Quando é realmente preciso, quando tenho tudo o que tenho cá dentro, não o consigo.
Depois, é claro que só sai sob pressão, já a explodir, incontrolável, só porque deixo as emoções reprimidas e contidas. Bem seguras.
Quem está do outro lado ou tem muita paciencia ou é adivinho ou percebe e sabe esta diferença e tenta dar-me linhas para eu cozer um discurso minimamente compreensivel.
Como é que dou aulas sem dificuldades, passo conhecimento sem dificuldades, sou capaz de falar, comunicar, motivar e partilhar em frente a uma turma e não sou capaz de partilhar de forma facil com "aquela" pessoa? Como é que falo sobre o que sinto com amigos, com as pessoas do meu coração, mas não consigo contigo?
Como é que trabalho isto há já alguns anos, vejo e constato melhoras mas a dificuldade continua, o nó continua e os lábios continuam a cerrar-se?
Não escrevo para me obrigar a falar e mesmo assim não funciona.... escrevo para me obrigar a falar e mesmo assim não funciona.... trabalho formas de expressão, de comunicação, trabalho a questão energética e mesmo assim não funciona.... melhora, mas não resolve. Trabalho as orrigens disto e mesmo assim....
Passo 3 dias a mentalizar-me que vou conseguir, a desapegar-me dos resultados do que possa dizer e na hora H.... nada! Nada!
Isto é meia verdade, porque consegui dizer algumas meias-coisas... mas a forma como digo!! Ó minha nossa senhoira!! Não há pachorra!
Pego nalguma coisa para escrever e lá vai! Nem é preciso reler!
Percebo e aceito que me expresso melhor pela escrita, mas era simpatico as palavras sairem-me pela boca, sem ficarem a meio, sem precisar de 5 minutos de silencio e espera para começar a dizer alguma coisa, só para constatar que, como os pensamentos continuaram, a boca já não vai a tempo.... só para me irritar e ficar com a sensação que as palavras vão ser despropositadas...
Sei exactamente a origem disto. Sei exactamente o que me faz hesitar no momento de falar. Sei exactamente! Sei o que está por detrás deste comportamento. Sei perfeitamente que estou a dar continuidade a uma estranha castração. Mas ainda não consegui mudar...
Quando é que vou conseguir abrir os lábios e falar sobre o que sinto?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pelo rio das diferenças na insustentável leveza do ser

“(...)Tomás pensava para consigo próprio que ir para a cama com uma mulher e dormir com ela são duas paixões não só diferentes como quase contraditórias. O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que só se sente por uma única mulher) (…)”
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in “A insustentável leveza do ser” , Milan Kundera

Quatro anos

Fez, às 20h15 de ontem, exactamente quatro anos que um ser extraordinário nasceu.
Exactamente quatro anos desde que me apaixonei à primeira vista.
Existe a minha vida antes e depois desse momento... a melhor e maior concretização da minha vida, o maior bem que fiz, até hoje.
Por nos termos escolhido, por te ajudar a crescer, por me ensinares, por seres uma fonte inesgotável de alegria, entusiasmo, por seres uma força motriz, um farol nas minhas escolhas...
Por tudo o que me dás e proporcionas...
É um imenso previlégio ter tido a oportunidade de te gerar, alimentar e servir de passagem para o mundo.
É um imenso previlégio e responsabilidade oferecer-te o melhor de mim e poder ajudar-te a descobrir quem és....
É um imenso previlégio e responsabilidade que agradeço todos os dias.
Por brilhares no céu da minha Vida.
A Felicidade mora por aqui...
*

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Num dia chove alegria, no outro brilha a tristeza

Existe a sensação de tristeza pela lembrança de uma União que não é daqui....
Passamos o tempo a tentar regressar lá, a esse ponto, a essa União, quando temos essa memória. Tentamos escapar à materialidade, aos outros, à fealdade, ao estranho, à limitação... e sentimo-nos muitas vezes tristes por isso...
Acontece que estamos por cá... e nesta altura devo ter um sorriso triste.
Nos momentos em que somos lembrados que isso é possivel mas não é cá, aqui, na materialidade, no plano fisico... a saudade surge... as saudades de casa, em que não somos dedos, mas sim a mão uns com os outros, a mão, o corpo, o mar...
E aqui?...
Aqui... um dia de cada vez, equilibramos a saudade com a concretização.
O nascimento com a morte.
Um dia chove alegria, no outro brilha a tristeza.
A maior beleza é que são ambas o mesmo...
A beleza faz equilibrio, qual trapezista sem corda, nesse fio da Vida.
Nem perdida no mundo, nem perdida do mundo...
Estar no fio da navalha é ter consciencia dos dois e não estar nos extremos de nenhum...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

BorderLine

Não quero perder este equilibrio (quando sei que já o perdi)
Não quero cair para nenhum sitio estranho (quando sei que já cai)
Se consigo fazer parar a mente, se consigo parar de tricotar, se aceito a decisão e as consequencias, porque é que a ansiedade não passa??
Porque é que a ansiedade, o aperto no coração não passa?...
O que (pres)sinto e não estou a ver?...