domingo, 31 de agosto de 2008

Ajustes

Especiais e dolorosos... e cá continuamos... a virar-nos para a parede e a perguntarmo-nos de cada vez - "E agora?!" :)

É o saber que já aconteceu e que vai voltar a acontecer e mesmo assim continuar a Acreditar!

É, mesmo no meio da maior tempestade, sabermos que em breve vai terminar e por isso está tudo bem, mesmo que encontremos uma parede ou duas...

É ter a coragem para aprender com isso! Não as lições de vida... as lições de alma - aquelas que não nos deixam ficar desesperadas, amarguradas ou tristes muito tempo e que nos permitem olhar para nós e para o mundo e...Sorrir!

Às mulheres de coragem!

Às Mulheres e Homens de coragem!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Andanças

Dói-me o corpo de não dançar,
Dói-me a alma pela ausência da musica...
Faz-me falta estar na relva de olhos fechados a sentir as vozes, a alegria, os sons, o riso...
Onde é que é a entrada para a toca do coelho?...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

"Ele há coisas do diabo"

Seria sem dúvida o que diria a minha avó!
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E os encadeamentos surgem do nada. A minha tenda partida e uma conversa com um dos meus vizinhos de tenda convenceram-me a ir procurar um talão de compra desaparecido, que me levaram direitinha aos meus cadernos de escrita, que me levaram à partilha de algumas das coisas que escrevo e que por sua vez me levaram a reler o relato escrito por mim e pela Inês das nossas 1ª férias em conjunto. Fez este verão 11 anos, em 1997 que essas férias se passaram.
Será exagero referir que só este ano voltei a ter férias em conjunto com ela, no Andanças?
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Ele há mesmo coisas do diabo! Parte desse relato foi escrito por mim e parte foi escrito por ela. Foram umas férias memoráveis e que marcou o fim da nossa juventude (leia-se adolescência tardia) e entrada no mundo dos adultos (mais grandes, portanto!).

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Algures junto ao relato deveria estar uma folha que teria os contactos de algumas pessoas que encontramos durante essa aventura - sim, duas miúdas de 23 anos a fazerem a costa alentejana e Algarve até Tavira, num R5 e a dormir na praia todas as noites... acho que posso dizer que foi uma aventura :) . Acontece que quando regressamos a Lisboa peguei no caderno, reli-o e tenho relido de tempos a tempos, mas contactos... nada! Nunca mais os vi! Procuramos, vasculhamos e chegamos à conclusão que estariam perdidos. . E não é que esta semana, do nada, os descobri onde sempre haviam estado? Meia dúzia de folhas brancas ao lado do que escrevemos e onde já tinha procurado não sei quantas vezes... lá estavam eles, junto a alguns desenhos e mensagens... o mais estranho é que já tinha passado os olhos naquela folha e só agora me apercebo que nunca lhe tinha prestado atenção. Nunca a tinha lido! . Acredito que tudo na vida tem um sentido... e o que me levou a ver agora o que a pagina continha, talvez partilhe aqui um destes dias. .

Para já fascinou-me a questão Percepção, na vertente fisiológica. Porque é que vemos as coisas que vemos, porque é que pessoas diferentes têm percepções diferentes de uma mesma coisa. Porque é que damos mais ou menos atenção a uma coisa em diferentes momentos da nossa vida. Deixo o link da explicação mais simples que encontrei: . http://pt.wikipedia.org/wiki/Percepção#Intensidade_da_percep.C3.A7.C3.A3o

. Uma vez disseram-me para deixar de perguntar Porque? e começar a perguntar Para que? :) . Fim de um ciclo!... . Acho que vou mudar do carrocel para a montanha russa! Elevar a fasquia... eheheh

domingo, 24 de agosto de 2008

Lie

Lie down with me
Lie with me
Lie me
Lie
Lie me
Lie with me
Lie down with me

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Partilha

Depois de um acidente com a minha tenda nestas férias e na necessidade de encontrar o talão de compra, andei a vasculhar o meu armário das tralhas! Tralhas significa apenas aquelas coisas relativamente recentes que ainda não consegui largar fisicamente. Nesse armário encontrei sobretudo papéis soltos, alguns livros, apontamentos e os meus cadernos de escrita.
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Houve um momento da minha vida onde tive a necessidade e a disponibilidade para procurar formas de expressão. E a mais óbvia e fácil para mim foi a escrita. Escrevi e escrevi e escrevi e continuo a escrever. Bastante menos do que o que gostaria mas já sem a urgência e necessidade que tive na altura.
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Esqueci a busca pelo talão desaparecido e passei grande parte da tarde a reler poesia livre, prosa e muita diarreia mental que escrevi há alguns anos. Foi muito importante na altura. E agora? Agora, fico espantada com algumas coisas que li... de tal forma que me faz sentido começar a partilhar algumas delas... .
Para quem fizer sentido, para quem ressoar, para quem apreciar, para quem contestar... para quem quiser!
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"Palavras"
Este prazer em escrever,
Em derramar palavras
No silencio da mente.
Brotam do nada, sem pensar.
Vêem rápidas, leves, do vazio
Do silencio, qual trovões,
Relâmpagos brilhantes, quase
Sem sentido, sem razão.
Este prazer infinito em que
De mente vazia, brilhar nos olhos
Letras que me espelham sentires,
Amores, sabedoria.
Sem rimas, sem versos,
Sem estrofes nem regras.
Não me mentem estas
Palavras quentes e frias,
Não me enganam, não me traem.
E assim vou mostrando
A mim, aos outros, a ti
Qualquer coisa, assim
De repente, qualquer coisa.
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23 de Dezembro de 2003

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Ser Sentir Viver

"Eu rio dos que pensam que me podem prejudicar. Eles não sabem quem eu sou, não sabem o que eu penso, não podem sequer tocar as coisas que são realmente minhas e com as quais eu vivo"
Epictetus

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Pequenos Selvagens

Esta terra encanta-me cada vez mais... nem sei se são os por de sol, se as praias de areia grossa e de cor forte, se o mar revolto, a brilhante mistura do cheiro do pinhal e do mar, se as comunidades que a habitam...

Hoje consegui que me saísse que gostaria de vir para cá viver num espaço de 1 a 2 anos...

Não sei se é a dinâmica entre alguns portugueses e os alemães que aqui vivem, se é o sentir-me tão acolhida por todos - apesar de serem uma comunidade fechada...

Não sei se é o encanto de ver o meu filho despir-se e correr pelo pinhal com o resto das crianças...

Pequenos selvagens que habitam esta terra, como pequenas fadas e duendes maravilhosos, caprichosos e inocentes...

Hoje consegui pensar que gostaria que o meu filho aqui crescesse... :)

Pequenos selvagens loiros de olhos azuis, quais pequenos anjos que se comportam como índios selvagens, que imitam cavalos, gritam ao vento, correm pelas dunas e exigem refeições em cada casa em que entram...

Muitos filhos de alemães que por aqui vivem, outros já fruto da globalização ou das novas invasões barbaras e o meu, português assumido que com apenas 3 anos já grita por Portugal mas que à vista desarmada não se destinge dos outros pequenos selvagens que gritam e correm despidos, cobertos de pó e com a cara suja de chocolate e iogurte...

Pequenos belos selvagens de olhar brilhante e desafiador...

Olho para eles e penso que vão crescer e tornar-se adultos por quem me apaixonaria...

...Esta terra encanta-me...
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...Pequenos grandes selvagens...

domingo, 17 de agosto de 2008

Uma Estória para Crianças

Era uma vez uma menina, já não assim tão pequenina que, um dia descobriu que tinha um coração.

Um coração pequenino e empedernido, mas que existia. Devagarinho, um bocadinho de cada vez, essa menina, em quem já se adivinha o cheiro a sol e mar, começou a retirar a casca dura e rígida que cobria o seu coraçãozinho. Doía muito, mas cheia de coragem, foi alimentando-o, enchendo-o de luz, esperança, amigos e Amor.

O coração foi crescendo, crescendo e um dia a menina descobriu que o seu coração já não cabia no peito. Era tão grande e vibrante que se espalhava para lá dos limites do seu corpo. O seu corpo e face foram tomando a forma de coração e até nos seus olhos se consegui a distinguir a sua forma e luz. Brilhavam tanto que, por vezes, os outros se assustavam. Não estavam habituados…, pensava ela.

Descobriu que conseguia tocar os outros com o seu coração, conseguia senti-los e às suas dores, amores e desamores. Isso deixava-a muitas vezes tristes. E às vezes nem conseguia distinguir se essas dores eram dela ou dos outros.

Ao longo do tempo percebeu que o seu coração batia em conjunto com os corações de algumas pessoas, como um único relógio, tic tac tic tac, faziam eles em perfeita sintonia. Isto alegrava-a muito. Ainda mais porque era muito raro acontecer. Às vezes era só por um instante e logo passava, outras vezes só se dessincronizavam de vez em quando.

Todo o Universo batia e pulsava com o seu ritmo. A menina pequenina e grande ficava feliz quando se sentia em sintonia com o coração do mundo, mas entristecia-se de seguida, ao perceber que muito poucas pessoas sentiam ou tentavam acompanhar esse som único e belo.

E a menina sentia, vivia e tentava lembrar-se de quem era no rodopio de tanto sentir.

Num dia feliz, em que se comemorava a sintonia de três corações especiais, a menina encontrou alguém. Alguém diferente. Ela não percebeu logo. Nem nunca percebeu porque, mas esse coração tinha a mesma cor que o dela. Exactamente a mesma cor.

Não sabiam que os corações têm cores diferentes? É verdade! Cada um com a sua mistura de cores. É o que os torna tão especiais e únicos, todos diferentes entre si. Ou assim pensava a menina…

Como é possível, um coração da mesma cor do meu? – pensava ela estarrecida – Nunca tal coisa vi! Observou-o atentamente, tentou senti-lo, sentiu-o e começou a sentir-se cada vez mais encantada. E assustada. É que apesar de terem a mesma cor, os seus corações batiam descompassadamente. E mais assustador ainda: tinham formas diferentes. Como podia isto ser? A menina estava cada vez mais assustada, mas mesmo assim resolveu que tinha de sentir aquele coração. Era tão estranho olhar e sentir aquele coração. Era como olhar para um espelho de feira, em que a imagem regressa aos nossos olhos com a mesma cor, mas distorcida. Diferente. Era ela, mas não era. Era ela, mas não era.

Não sabia porque e ainda hoje não sabe, mas tinha de sentir aquele coração a bater junto ao seu. Tinha de sentir, tocar, enlear devagarinho e com muito carinho, para que a pouco e pouco pudessem bater, pulsar e vibrar como um só. Isso seria extraordinário.

Aproximou-se devagarinho, sem jeito e envergonhada. Cada vez mais encantada porque mesmo de perto não via diferença de cor entre os dois.

Cheia de coragem e de medo, quando já estavam mais perto, abriu o seu peito e ofereceu o seu coração aquela pessoa. Ofereceu-o com o seu melhor e o seu pior. Com as suas confianças e todos os seus medos. A menina nunca tinha feito isso desta forma. Já tinha partilhado o seu coração com algumas pessoas, mas nunca assim.

A pessoa a quem o ofereceu, um homem menino com nome de anjo, aceitou-o a medo. Talvez nunca tivessem feito isso com ele também, pensou a menina.

O coração dele estava pequenino, encolhido e com feridas abertas. Ela conseguia senti-lo demasiado bem. Tanta dor, tanta raiva, tanto medo e tanta vontade. Por uns momentos colocou o coração dela junto ao seu. E como o Amor é inesgotável, a luz do dela começou a tentar sarar o dele. E tudo parecia bem…

Embora o homem menino, com nome de anjo, não conseguisse ver a cor do coração da menina, senti-a. Sentiu essa afinidade extraordinária. Sentiu que aquele era um momento único e magico e por isso o colocou tão perto.

Mas o que nenhum dos dois sabia é que dois corações, quando estão a bater de forma tão diferente, não podem ser colocados demasiado próximos um do outro. A aproximação tem de ser mais lenta. Não existem regras para estas coisas de corações, mas eles precisam de tempo para se ajustarem uns aos outros.

Assim, em vez de irem acertando lentamente o ritmo, os dois corações tentaram mostrar ao outro como batiam e que som faziam. Ora isto acontece muitas vezes. É assim que os corações se acertam, ouvindo-se uns aos outros e acertando o ritmo uns pelos outros.

Nós, pessoas, achamos sempre que somos nós que decidimos essas coisas e que o nosso coração só bate como queremos e nem nos apercebemos que bate pelos outros. E que o bater do coração dos outros é um eco do nosso próprio.

Mas, como foi demasiado rápido, acabaram numa grande confusão de sons e ritmos. Numa barulheira em que cada um fala mais alto para se fazer ouvir.

Nessa altura era quase demasiado tarde. A menina começou a fazer recuar o seu coração dorido de novo para o seu peito, para permitir ao seu coração e ao do homem menino voltarem a bater de forma habitual. E o homem afastou o dela e recolheu o seu. Ufa, pensaram, foi por pouco! E ambos sentiram alivio depois de tanta confusão….

Sabem que os corações dos homens e mulheres deste mundo têm memória? Não é como a nossa memória normal que se lembra de acontecimentos, datas, conhecimento e ressentimentos. Os corações só se lembram do que sentiram de bom. E assim, depois do alívio, os corações lembraram-se um do outro, das suas semelhanças e diferenças. A nossa memória decora melhor as diferenças. Mas os corações choram a lembrança do que é semelhante. E encantam-se com a diferença

E assim homem e menina, mulher e menino continuaram a viver durante algum tempo. O coração lembrava com carinho as cores do outro que eram as suas próprias. E a memoria insistia nas diferenças e na sensação de susto e alívio.

Talvez bastasse o tempo, talvez bastasse mais tempo…

Talvez… ou talvez não…

Continuam sem saber. Continuam a confiar mais nas suas memorias que nos seus corações.

A menina grande e o homem menino.

sábado, 16 de agosto de 2008

When Time is Right for Ancient Drumming?

Na ressaca do Andanças e de umas estranhas férias... qual é o tempo certo para os tambores?? Tenho a mente estranhamente anestesiada e entram-me frases estranhas pelos olhos e ouvidos - anestesiada, adormecida, olho à volta e nada me está a fazer sentido... não há principio, meio nem fim nesta estória... nonsense - qual é que é mesmo o tempo certo para os tambores voltarem a soar?? Que estranho primeiro post... que estranha coisa para me apetecer escrever.... Não é habitual não conseguir vislumbrar algum tipo de sentido ou aprendizagem nos acontecimentos da minha vida. Encontro quase sempre encadeamento, sentido. Falta-me a musica e a dança. Continuo a ouvir os violinos e a safona e a dançar em sonhos... mas nem isso faz sentido. Como se no momento o fizesse... Continuo a ouvir os tambores ao longe a ressoarem dentro de mim.... Vivo no campo, do campo, para o campo? Desejo?... Ou nas pessoas, das pessoas e para as pessoas? Necessidade?... Mas onde é que estão os tambores??? E volto ao mesmo, à mesma alienação.... tive de ir ver ao dicionário:
do Lat. alienatione s. f.,
acto de alienar;
transferência do domínio de uma coisa para outrem;
cessão de bens;
perturbação mental, permanente ou passageiro, na qual se regista uma anulação da personalidade individual;
loucura.
- mental: loucura; alucinação.
Nem sei o que isto diz de mim... enfim... não me apetece dar-me ao luxo de superficializar, mas é tão mais fácil que cair para o sitio escuro que sei ter de procurar.... Quando é o tempo certo para os tambores voltarem a soar? Esses que ouço desde o principio dos tempos, esses que me acompanham, me acordam, me perturbam?