sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

11

2009 = 2 + 9 = 11
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Carta 11 - A Força / A Luxuria
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"Esta carta mostra uma jovem e um leão. Aparentemente a jovem está dominando o leão (a parcimônia de Virgem dominando os excessos de Leão; a dissolução do ego em prol do servir a outros) sem muito esforço.
É a racionalidade sobrepujando os instintos, a inteligência vencendo a brutalidade. Esse arcano se refere mais à força mental – notar o chapéu da jovem – do que à física, mas também pode representar essa última.
Notar, no entanto, que a jovem não mata o leão, mas o segura firmemente contra seu corpo. Isso é uma alusão ao fato de que não devemos menosprezar o inferior, e sim domá-lo e utilizá-lo.
Fala, também, da sexualidade, uma vez que a boca do leão está na altura da vagina da jovem que o segura, mostrando a força que se demonstra pela suavidade (sedução). É também o confronto com a sombra que existe em cada um de nós.
De acordo com Crowley, ela é a contraparte feminina do Mago, a mulher forte, que junta além das habilidades mentais, o magnetismo sexual.
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Palavras-chave: força, decisão, confronto com a sombra, ação, impaciência, cólera, orgulho, paciência, domínio dos impulsos e transformação dos mesmos em ideais mais elevados, fé, sedução, luxúria, esforços direcionados a um objetivo, repressão."
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Que assim seja.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A beleza caminha no fio da navalha

Existe algo de absolutamente fascinante nesta musica, nas imagens, na recordação da história e do que me fez e ainda faz sentir.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Harmonia

Hoje vi o mar e li uma estória de amor com um final feliz...
Fui inundada por uma multidão assustadora...
Vi guerreiros dos tempos modernos, de armaduras e elmos negros...
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"Vou dizendo certas coisas,
Vou sabendo certas outras"
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Ficou-me na memória o final feliz, daqueles que demoram muitos e muitos anos para se concretizarem... e percebi que a minha vida também é uma estória de Amor, daquelas com final feliz, feita entre soluços e tropeços, entre não saber e querer acreditar. Feita de começares e terminares, feita de sal e areia, de luas e de mares. É uma bonita estória de Amor...
De repente, naquele instante frente ao mar, percebi que é quando não tento que o amor me salve que começo a perceber os milagres que opera, que tenho tudo a agradecer às pessoas que já passaram na minha vida e com quem vivi capitulos ou meros paragrafos, da minha estória. Sem eles, sem cada um deles, não me seria possivel continuar a escrever esse livro.
De repente, naquele instante, percebi que ainda nem me atrevo a respirar fundo neste inicio... mas que existe algo de absolutamente belo em cada inicio que não deve ser apressado. Que cada dia que passa prolonga esse suster da respiração onde não existe esforço, mas sim leveza, beleza e naturalidade.
De repente, naquele instante frente ao mar, percebi. Percebi, finalmente, na minha estória de Amor com um principio, um meio e, eventualmente, um fim, o "para que" das certezas que senti, das certezas que vivi... e que me levaram exactamente aqui.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Enquadramentos

"Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."
Cecilia Meireles

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Meditação

Numa hora perdida no tempo
Encontro uns minutos
Para me sentar em silencio
Longe e livre do mundo.
Num silencio profundo
Mergulho, encontrando
Respostas aos meus medos
No lugar mais improvavel.
E nesse silencio sinto
Crescer o meu ser,
Essa espuma dourada
Que me percorre e me
Deixa numa calma espantosa.
Envolve todo o meu corpo
Até deixar de Ser.
Luz, calor, energia que se estende
Onde apenas Sou
Uma testemunha
Da minha existencia,
Um ponto, um foco,
Onde até o ar vibra
E me enche
De Vida
De energia
Desse todo
Que nos une.
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10 de Dezembro de 2003

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Eternidade num momento

No silencio da noite,
Na luz da escuridão
Encontram-se duas mãos
Brincam, tocam-se.
As horas vão passando
E transformam-se
Num momento belo
De partilha, de sentir.
As mãos exploram,
Os olhos encontram-se,
Os corpos aproximam-se,
Os beijos voam,
A energia flui,
As horas passam,
Mas o momento não.
Esse ficou suspenso
Pelo encantamento
À calma, à simplicidade,
Aos risos e ao bater
Do coração.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Rodas quadradas numa carroça

Há já alguns dias que não consigo escrever, não é por falta de assunto que esses têm sido mais que muitos mas por esta ter sido uma semana fértil em acontecimentos marcantes. Tenho andado a procurar o fio condutor de todos eles. É um exercicio engraçado e obriga-me a reflectir sobre o que vai acontecendo. E obriga-me a estar mais atenta.
"Tudo acontece como tem de acontecer e está tudo bem, porque é mesmo assim que tem de acontecer. Se somos capazes está tudo bem e se não somos está tudo bem na mesma."
Isto a juntar ao silencio relativo que tenho conseguido ter dentro de mim têm-me levado às circunstancias mais curiosas. Têm-me feito não reagir a determinados acontecimentos e a agir provocando outros. E está tudo bem... teoricamente ;) Isto é um treino e ninguém disse que era fácil. É apenas simples. A unica coisa que pode tornar fácil é a minha atitude perante o que acontece. E esse tem sido baseado no silencio interior. E no deixar de ter resistencias ao afastamento.
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De uma forma muito simples: as pessoas afastam-se, é natural. Por experiencias de vida diferentes é natural que deixem de ter encaixe, que deixem de ter tema de conversa ou que deixem de se sentir confortáveis e quentes na companhia do que antes era quente e confortável. Por vezes são as coisas mais idiotas que as mantêm juntas. O que provoca sofrimento é a reacção que temos a esse afastamento e o agarrarmo-nos ao que as mantém juntas. Voltamos ao mesmo... o coração lembra as diferenças com carinho e aceitação. Não é necessário o conflito. Se esse existir vamos estar a minar qualquer hipotese de aproximação futura. Afastamentos e aproximações, afastamentos e aproximações. Ciclos, estações, expansões e contracções. É natural! Não posso, nem vou justificar-me perante isso, porque não existe justificação. As palavras que possam ser ditas para justificar estes ciclos são tão desnecessárias e contraproducentes como rodas quadradas numa carroça.
Mas existe uma necessidade de ego de ficar por cima. Tenho reparado nisso em ambas as situações. Tanto para os afastamentos como para as aproximações. Não conseguimos ser honestos e simples na abordagem inicial que fazemos às pessoas de quem nos aproximamos. Parece que temos sempre alguma coisa a provar, que estamos sempre há espera de algo, que precisamos de nos sentir importantes e relevantes. E esssas atitudes não mudam quando nos afastamentos, só mudam os contornos. Sentimos a necessidade de levar a bicicleta, de dizer que eramos nós que tinhamos razão, que nos fizeram isto ou aquilo e por isso nos afastamos. Que a outra pessoa, de repente :) ficou parva e muita paciencia tivemos nós. Pois... pois mesmo. Não me apetece nada disto. E o resultado é o silencio tanto numa situação como na outra. Se há afastamento, não me apetece estar a dourar ou a fazer festinhas no ego de ninguém (nem no meu) e muito menos a entrar em conflitos e a dar força a resistencias. Se há aproximação que sejam pelas boas razões, pelas que interessam, porque gostamos do sorriso, porque houve sinceridade nos olhos de quem sorriu. Não porque se teve uma tirada mais "inteligente" ou mais idiota. Não por estarmos à espera de algo nem porque esperam algo de nós.
Tenho percebido porque é que me relaciono com pessoas aparentemente tão diferentes, de quem tenho tendencia para me aproximar e de quem tenho tendencia para me afastar... tenho andado bastante entretida a perceber se estou a tentar camuflar uma necessidade ou se não existe razão mais nenhuma senão aquele encantamento pela expontaneadade e sinceridade da outra pessoa.
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E tudo acontece exactamente como tem de acontecer! Até o deixar de ter resistencia a estas danças. Só assim a memória não abafa o encantamento do coração com a lembrança do que lhe é diferente. Só assim agradecemos o tempo em que estivemos proximos.
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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Em silencio

A diferença entre dançar e andar...
Habituei-me a tomar decisões, a conduzir a minha vida com determinação, a seguir o que sentia, mesmo que só o sentisse por um segundo, a lidar com as consequencias das minhas decisões.
Libertei-me de um pai controlador, de um pai à moda antiga, chefe de familia. E passei a ser eu a controlar a minha vida, a ser independente. Aprendi a ser independente. E pelo caminho tenho recusado qualquer forma de interdependencia.
Acontece que ninguém é independente. Quem pensa ou vive a pensar que é independente vive um belo inferno. A independencia, fala a voz da minha curta vida, tem como preço o corte com os que nos rodeiam. Somos dependentes uns dos outros. Dependemos uns dos outros, sem confundir dependencia com apego. Mas dependemos... interdependemos.
Dependo de amor, de afecto, de toque, de confiança. Negar isso é negar ser mulher. É negar ser um ser humano do sexo feminino com tudo o que lhe é inerente e belo. Dependo, porque sou mulher, do que recebo e dou. Faz parte da minha natureza. Da natureza de qualquer mulher.
Na luta pela independencia, pelo ordenado, pelas contas pagas, pela educação do meu filho, pelas rotinas diárias tão necessárias para assegurar um ambiente de segurança ao meu filho, às vezes, esqueço-me do que isso pode significar: ser mulher. Do que significa ser receptiva...
Noto de cada vez que não o sou. Digo-me sempre o mesmo: "Ouve mais, fala menos".
Tempo houve em que não me apercebia sequer e continuava a lutar contra moinhos de vento.
Não me apetece lutar mais.... não me apetece chegar a casa e pensar "Round 2, etapa seguinte".
Estou cansada de ficar cansada... estou cansada de lutar, de ter de provar (a mim própria) que consigo fazer tudo sozinha. Às vezes não consigo! Às vezes preciso de ajuda...
E quanto mais cansada estou mais falo e menos ouço... os outros, a mim... menos atenta.
Caminhar em silencio. Alguém me disse que existe um nome para isso...
É tempo de praticar o silencio... de descobrir o que significa realmente nascer mulher...

No olho do furacão

Na simplicidade do coração
Um segundo de silencio
Fala mais alto que uma multidão
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Na simplicidade de um olhar
Um segundo de silencio
Diz-nos mais que mil palavras
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Na simplicidade de um abraço
Um segundo de silencio
Une todos os rituais
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Na simplicidade da vida
Um segundo de silencio
Opera todos os milagres
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Nesse segundo de silencio
No olho do furacão
Observamos o que somos
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Nesse segundo de silencio
Continuamos simplesmente
Sabendo sem saber
Que onde quer que estejamos
Estamos sempre
No centro do universo

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Comportamentos

Sempre reagi de forma estranha à manipulação. Lembro-me perfeitamente de, em criança, reagir de forma passiva/agressiva e irritada às tentativas de manipulação dos meus pais. À medida que fui crescendo essas respostas foram sendo identificadas como "mau-feitio" ou "não se pode dizer nada" ou ainda (a minha preferida e que ainda hoje ouço) "só faz o que quer". Deste lado a unica coisa que crescia era o mal estar e a irritação com as chantagens emocionais e outras manipulações mais ou menos disfarçadas.
Durante todos estes anos identificava a sensação, mas não o mecanismo. Ou seja, a situação fazia-me sentir extremamente desconfortável, reagia agressivamente e só depois conseguia perceber que me tinham tentado manipular. Esta é uma sequencia que não é facil de alterar. Nunca o tentei de forma consciente. Nunca foi preciso. A unica coisa que comecei a fazer foi expor de forma irritada a tentativa de manipulação.
Este fim de semana aconteceu-me uma coisa "engraçada". Aconteceu-me uma sequencia diferente. Tão diferente do que era habitual que ainda a estou a digerir.
Percebi imediatamente que me estavam a tentar manipular, não reagi, fiz-me de loira tonta (que às vezes até sou) e entrei na "brincadeira". Não confrontei a pessoa com o seu comportamento e deixei-a acreditar que tinha conseguido mais ou menos o que queria... dei umas quantas voltas a mim própria para não me chatear com a situação. E sempre com uma sensação de espanto pelo meu próprio comportamento de "Deixa pensar que sim"...
Olha que esta... A reacção agressiva surgiu umas valentes horas depois e desapareceu em menos de nada.
Até é engraçado. Imagino perfeitamente a imagem de alguém a brincar com as mãos e a fazer sombras numa parede. Tem que ir fazendo ajustes aos seus movimentos para a sombra se assemelhar o máximo possivel com o que quer ver. E de repente a sombra ganha vida própria e deixa de ser controlada pelas mãos... Se isso me acontecesse apanhava o maior susto. Mas se não fosse eu talvez tivesse uma reacção muito diferente...
People are strange when your a stranger