quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Liberté

Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable de neige
J'écris ton nom

Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom

Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom

Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom

Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom

Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom

Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom

Sur chaque bouffées d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom

Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom

Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom

Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom

Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom

Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom

Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom

Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom

Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom

Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attendries
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom

Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom

Sur l'absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom

Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenir
J'écris ton nom

Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté


Paul Eluard
in Poésies et vérités, 1942

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

E ainda assim

E ainda assim, apesar da vida me colocar desafios à frente para enfrentar, apesar de saber que o teu abraço não mente na essência mas é falso na aparência, apesar de te sentir preso a preconceitos, sou eu que misturo a dor e a raiva para deixar de me sentir prisioneira.
Como num filme antigo, espero que a onda do esquecimento apague as palavras escritas em segredo nas margens do mar e que leve consigo as esperanças a que me prendo.
Nem que seja apenas a esperança de que aprendas a envelhecer.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Coragem de Ser Só

Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afectar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões.
Só e constante, mesmo em face do tempo; os anos que rolam tu os consideras elemento de experiência; para os homens futuros episódios sem valor; se eles te abaterem, só terão abatido o que há de menos valioso; e contribuirão para que melhor se afirme o que puseste como lição da tua vida; a muitos absorve o actual; mas a ti, que tens como tua grande linha de cultura, e porventura tua alma, a posse das largas perspectivas, a hora começando te vê firme e firme te abandona.
Nenhuma estóica rigidez neste teu porte; antes a compassada lentidão, a facilidade maleável de bom ginasta; não é por amor da Humanidade que hás-de perder as mais fundas qualidades de homem.
Em tal espelho me revejo, eu que tomei tua alma incerta e a guiei; e contemplo como doce oferenda, como a mais bela visão que me poderias conceder, a clara manhã que já de ti desponta e lentamente progredindo há-de acabar por embalar o universo nos seus braços de luz.

Agostinho da Silva, in 'Considerações'

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

From blue to Green

I am so thirsty for the marvelous that only the marvelous has power over me. Anything I can not transform into something marvelous, I let go.

Anais Nin

sábado, 1 de janeiro de 2011

Letter to my Heart

Eu sei que não sabes estar parado, sossegado. Sei que estás tão sensível que qualquer brisa que entre neste momento, te faz doer cada pedacinho. É demasiado cedo ainda para conseguires sentir-te inteiro. Mas esse dia vai chegar, quando menos o esperares vais conseguir sentir-te inteiro e forte.
Agora, neste momento, o que estou a fazer é a criar o ambiente de paz e tranquilidade que necessitas para que cada pedaço que julgas perdido, sare com o mínimo de cicatrizes.
Lembra-te do que tens de extraordinário, do que consegues fazer e dar mesmo assim, despedaçado. Lembra-te da compaixão, gentileza, da intensidade, da conexão, da empatia, da humildade, da profundidade de sentimentos que consegues alcançar. Lembra-te da beleza em ti e nos outros, da paixão, da luz, da gratidão e curiosidade. Lembra-te da harmonia, da aventura, da abertura, da vontade de aprender. Lembra-te do humor e da criatividade.
Liberta-te da raiva, liberta-a. É natural que a sintas mas não a contenhas ou vai acabar por se escapar sem controle.
Leva o tempo que for necessário, sem pressas nem exigências e não te sintas perdido nem magoado pelas palavras e atitudes dos outros. Estou aqui para me assegurar que estás seguro e resguardado, que tens os cuidados e mimos necessários para te sentires quente e confortável enquanto recuperas. Estou aqui para te dar a mão agora, enquanto te sentes perdido e despedaçado e continuarei a estar quando começares a dar os primeiros passos outra vez.
Estou aqui, ao teu lado, à espera para continuar a Viver Inteira.
Com todo o meu Amor *