O que é que estás a fazer agora? Sim, tu! Neste preciso momento... o que estás a fazer?
Onde é que tem as mãos? E os pés? Como é que estás sentado? Estás a bater com o pé, a morder o lábio, a franzir a testa ou a sorrir? Como é que estás a respirar? O que estás a sentir? Em que estás a pensar?
Parece fácil? Não?
Neste preciso momento... estou mal sentada, doem-me as costas e não me apetece mudar de posição, os dedos voam sobre as teclas, a respiração está acelerada, sinto-me num misto de entusiamos e ansiedade e estou para aqui a pensar em como posso conseguir concentrar um conceito até ao ponto de precisar de se libertar...
Falo e escrevo e digo tantas vezes... neste momento.
Neste momento, estar neste momento é um presente. O passado diz-nos como aqui chegamos, o futuro, para onde vamos... mas é aqui que estamos. Aqui, neste momento. Agora.
Agora é o momento de querer... Agora é o momento de poder. E não existe memoria do passado, nem expectativa do futuro que nos possa limitar, quando estamos somente aqui.
Onde é que tens os pés?
Estou mais bem sentada... a respiração esta mais calma e o conceito já se concentrou o suficiente para começar a escapar-me pelos dedos.
Respira fundo, fecha os olhos se necessário, e sente o ar a inundar os pulmões, imagina-o a libertar oxigénio e energia para dentro do organismo. Deixa-o sair e sente como passa mais quente pela garganta, pelo nariz...
Sentes-te aqui? Sentiste-te? Ao mesmo tempo que sentes o ar a entrar e a sair dos pulmões, sente a tua mão direita. Começa por um dedo e não te esqueças de continuar a sentir o ar a entrar e a sair dos pulmões. Agora sente mais um dedo e mais um e mais um, até sentires toda a mão direita. Passa para a outra mão, sem esquecer a mão direita e o ar a entrar e a sair devagar e suavemente....
Bem vindo a este momento! Bem vindo!
Onde e que estava o passado? E o futuro? Teve atenção ou importancia? Onde é que estava a tua atenção?
O passado e o futuro só o sentimos presente quando focamos nele a nossa atenção e o transportamos para aqui. Ele não está realmente cá... somos nós que o trazemos. Que o vamos buscar e o mantemos presente.
Quando deslocamos a nossa atenção para o presente.... algo de extraordinário acontece.
Não é estranho que julguemos sempre que somos o que fizemos, o que nos educaram e ensinaram e só nos sentimos realmente vivos, despertos e acordados quando focamos a nossa atenção no presente? Durante um exercicio tão simples como dar a nossa atenção à respiração...
É verdade, para quem pensa que não sabe meditar ou que não consegue... Bem vindo à sua primeira meditação! Pensou nalguma coisa enquanto se esforçava por sentir ao mesmo tempo as duas mãos e a respiração? Não conseguiu? Então esteve a meditar... nem que tenha sido por um segundo.
Estar neste momento, no presente e meio caminho andado para descobrir quem somos, o que realmente somos. Quando estamos presentes no nosso corpo fisico, quando estamos presentes no que sentimos ou no que pensamos, começamos a perguntar-nos... "Porque é que eu disse aquilo?" Começamos a questionar e a achar estranhas muitas das nossas acções, a perceber que as palavras que nos sairam pela nossa propria boca não refletem aquilo que somos... e assim começa um caminho.... Um caminho que dura até ao fim das nossas vidas, um caminho que podemos abandonar de vez em quando... mas quem ja aqui esteve, sabe. Sabe que não é bem assim e que já conhece o estar realmente aqui, no presente. As projecções do passado e do futuro que a nossa mente constroi já lhe soam a isso mesmo... peças de teatro. Devagarinho, devagarinho, vamos abandonando rotinas e habitos que deixam de fazer sentido e começamos a perceber que o mundo à nossa volta está diferente... a luz tem outra cor, as arvores parecem mais reais que antes e mais importantes que aquelas conversas a que davamos tanta importancia...
Parece estranho e complicado? Parece coisa para pessoas... diferentes? Experimenta! Tenta um bocadinho de vez em quando... é viciante! Altamente viciante, viver o presente!
Viver o presente, momento a momento.
E com o tempo vais acabando por perceber que o passado, assim como o futuro deixaram de existir e se fundiram num unico momento...
Fundiram-se e transformaram-se... num presente mais longo.