segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Profecia Celestina

Sinto-me na obrigação (obrigaquantas???) de fazer uma nota introdutória aos posts seguintes. Passo a explicar: quem tem acompanhado o blog e a mim mesma, ao vivo e a cores, sabe que tenho estado numa fase menos luminosa, menos brilhante. Tenho sido confrontada com uma série de situações que me obrigaram a ajustes e mudanças, nos ultimos meses. Como seria de esperar (ou nem por isso) desleixei-me vergonhosamente. Desleixei a minha práctica, a meditação, os exercicíos energéticos, o taichi, a respiração, a atenção e por consequencia, os meus níveis de energia baixaram tremendamente. Digo isto, felizmente, com sentido de humor. Ou já digo isto com sentido de humor. E não há dança que nos valha quando tudo o resto falha...
Funciona assim, deixamos baixar tanto os níveis de energia, ficamos tão idiotas, tão cansados e irreconheciveis que nos fartamos. Simplesmente fartamo-nos. Ou pelo menos fartei-me eu! É só deixarmo-nos cair até ao ponto em que levantamos a cabeça e dizemos, Pronto, já chega!
Num inicio (ou no fim) de um ciclo de sete, é natural que estes ajustes ocorram. E é natural tudo isto que sinto... mas já chega. E o nosso inconsciente é uma coisinha fantástica. Esse e o universo que, dizem as más línguas, conspira sempre a nosso favor e faz tudo para nos fazer a vontade. Captamos frases no ar (enviadas via FM pelo Universo, claro está!) e algumas brilham mais que outras. O inconsciente, bem ciente da sua responsabilidade, faz com que essas frases se colem às nossas orelhas e não nos deixam descansar enquanto não lhe dermos ouvidos.
E foi isso que aconteceu... por portas travessas a frase "Profecia Celestina" chegou-me aos ouvidos e não me tem deixado sossegada. Já li os livros todos e, na altura fizeram o sentido que tinham de fazer. Não consegui reler os livros, mas aproveitei para ver o filme. E enquanto via o filme só pensava que estava mal feito, mal conseguido, que os actores eram péssimos, que o livro, mal por mal, era melhor (é o que dá, a mania de visualizar perfeitamente e "viver" a estória que estou a ler), e que a estória é muito fraquinha. Mas ficou-me a mensagem. Ficou a ressonancia e validação que dou à forma como o autor expõe a "espiritualidade" (não, não vou explicar agora porque é que ponho as aspas...). Ficou a lógica e verdade que sinto na forma como ele ordena as "revelações" (que mania de ver sempre o conceito mais amplo por detrás da palavra!!).
Fazem-me toda a lógica. E neste momento preciso de relembrar e voltar a recomeçar um processo. Voltar ao ínicio... com os olhos de hoje. Recomeçar um processo de auto-conhecimento com uma consciencia um pouco diferente daquela com que iniciei este trilho, fez em Outubro 7 anos.
Pois é... fez o mês passado sete anos que me comecei a descobrir. Só percebi realmente no momento em que escrevi. O que me faz ainda mais sentido.... Que assim seja, então!
Comecei a procurar informações sobre as... enfim, sobre as.... ora deixa ver como é que lhes posso chamar, sobre as intuições (parece-me bastante menos presunçoso) e sobre o que andavam a escrever sobre elas, no intuito de recolher informação e escrever uns posts todos catitas. E percebi que não ia conseguir escrever posts todos catitas coisa nenhuma. Nem ia conseguir trascrever o que diz o livro. A linguagem não é a minha e acaba por não ser vivido e real.
Assim, sem nenhuma promessa de assiduidade (que é coisa que não tenho sido a este cantinho) vou escrever o que intuir sobre cada uma delas. Vou manter os títulos e etiquetar da mesma foma cada um dos posts, no caso de os saltear com outros devaneios (que é o mais provável).
Que sirvam, a mim enquanto os escrevo e releio, e a todos os que os lerem, mais assiduos ou ocasionais, como ferramenta para se conectarem, se religarem mais um pouco com aquilo que realmente Somos. Para estarmos connosco e com os outros em acção construtiva. Que possa ser mais um passo para Ser.
Que assim seja!
Paz, Amor e Sabedoria nos nossos Corações*

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Névoa

Sinto uma sombra, uma névoa que atordoa.

Sinto-me tão desligada de tudo que nem me sinto. Tocam-me no corpo e pergunto se estou dormente... sinto?

Tocam-me na alma e pergunto se estou dormente... sinto? Tocam-me no coração e pergunto... sinto?

Sinto?

Sinto, sim, mas desligada do corpo.

Da alma? Sinto-me dormente, sei lá onde está a alma?

Arrogante? Indiferente, sim... se passa por arrogancia é apenas aos olhos de quem o é.

Sinto, sim. A alegria, a esperança e a dor... dos outros. Onde está a minha?

Sinto, sim, mas desligada do tempo, dos dias e das horas que passam.

O ontem confunde-se com o amanhã e o sonho com a realidade.

Sinto, sim, indiferente a quem caminha, a observar a paisagem que passa, enquanto pergunto, que faz ela?

Sinto, sim, quando danço descalça, indiferente ao pó que piso, aos pés que protestam e à vontade de amar.

Sinto? Enquanto teclo vagarosamente cada sílaba, hesitante sobre o que sinto, pergunto, mas que escreve ela?

E quando me olham nos olhos e eu fujo com o olhar, sinto. Sinto que os olhos não mentem e não me quero mostrar.

Quando vejo um reflexo de uma qualquer mulher que passa, vestida como eu, pergunto, quem é aquela que ali vai?

Sinto, sim, a venda de névoa que coloco para sentir outra coisa, em vez da dor que sinto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Peão

Já tenho escrito e falado sobre lugares de poder, de centros de energia pura onde os acontecimentos e sensações são potenciados... Este é um desses, um local onde o tempo corre mais devagar, onde o ritmo que se respira é diferente e onde as valsas que se vão dançando são mandadas.
Hoje fui peão de um qualquer jogo que desconheço e como bom soldado limitei-me a conferir os estragos e a informar quem o joga. Senti-me ferramenta, com o dedo que adivinha a fazer as perguntas certas e a ouvir as respostas que me conduziram para um momento em que percebi claramente que me ultrapassava e o qual não tive hipotese de interromper.
Quando a sequencia de acontecimentos nos coloca nesses instantes, e não têm sido poucos nos ultimos tempos, sinto-me a cumprir um papel que agradecia que não fosse o meu.
Quando lá estamos e, para cumulo, ainda alucinamos e colocamos a cereja no topo do bolo, o melhor é deixar fluir. Deixar fluir e quando acaba avaliar estragos e espalhar informação.
O mais curioso é que cada vez que coloco peças no puzle e tenho uma visão mais alargada, maior é o jogo onde sou colocada. O tabuleiro de xadrez aumenta e percebemos que os limites do enigma se alargaram, mais uma vez.
Tive a clara sensação que isto me ultrapassou, que se o momento tivesse sido previsto e evitado, algum ajuste não teria ocorrido. Senti claramente esse alinhamento e direccionamento de energias.
O dessassossego de ser eu a cumprir um papel que não me competia (ou competia?), num jogo de poder e politica de aparencia não me abandona. Se lá estava, não era para estar mais ninguém... parte das consequencias consigo prever... mas ainda há qualquer coisa que me está a escapar...
Garanto que pensava que estava de ferias por uns dias... daqueles em que não penso em nada de especial, em que aprecio a natureza e o silencio e enfio os pés na areia!...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Num qualquer futuro

Escondo os olhos atrás dos óculos escuros enquanto relembro os detalhes de um qualquer futuro.
As mãos que nunca se largaram, a confiança que nunca foi traida, as oportunidades que não foram perdidas.
São ambos jovens e esperançosos. Ela de cabelo negro e liso, olha timidamente por debaixo da franja e observa os gestos dele. Ele hesita. Pondera o quanto tem para oferecer... é uma oportunidade que não se vai repetir tão rapidamente. A hesitação prolonga-se enquanto a dureza atravessa o olhar, a frustração de saber que aquele momento merece melhor, que aquele amor merece mais e de não ter mais para oferecer.
A mulher pondera enquanto o observa. Ela tem um pouco mais que ele para oferecer... não muito mais, mas o suficiente para tornar aquele o momento deles, para dar o que aquele amor merece. Estende a mão para a dele e aperta-a. Levantam os olhos e admiram-se mutuamente. Sim, pensa ele, quase tão alto que o ouço do meu ponto de observação, sim, aquele amor merece melhor que o que tinham inicialmente. Aperta a mão dela firmemente e oferece-lhe o que tem. As mãos seguram-se num abraço e descobrem que quando juntam o pouco que cada um tem, sem reservas, transformam-no em muito... e que a soma das suas partes tornou aquele momento perfeito. Quando ambos se apercebem que aquele amor merece mais.
Acordo a recordar as faces, as mãos, a sensação de oportunidade rara... De estar a ser-me dada a oportunidade de ver um filme antigo projectado no futuro. De um sonho projectado num qualquer futuro...