sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Always with Me

(Tradução)

Somewhere, a voice calls, in the depths of my heart
May I always be dreaming, the dreams that move my heart

So many tears of sadness, uncountable through and through
I know on the other side of them I'll find you

Everytime we fall down to the ground we look up to the blue sky above
We wake to it's blueness, as for the first time

Though the road is long and lonely and the end far away, out of sight
I can with these two arms embrace the light

As I bid farewell my heart stops, in tenderness I feel
My silent empty body begins to listen to what is real

The wonder of living, the wonder of dying
The wind, town, and flowers, we all dance one unity

Somewhere a voice calls in the depths of my heart
keep dreaming your dreams, don't ever let them part

Why speak of all your sadness or of life's painfull woes
Instead let the same lips sing a gentle song for you

The whispering voice, we never want to forget,
in each passing memory always there to guide you

When a miror has been broken, shattered pieces scattered on the ground
Glimpses of new life, reflected all around

Window of beginning, stillness, new light of the dawn
Let my silent, empty body be filled and reborn

No need to search outside, nor sail across the sea
Cause here shining inside me, it's right here inside me

I've found a brightness, it's always with me


Kimura Yumi
in Viagem de Chihiro

Fértil

Terreno fértil! É só isso que os nossos sonhos necessitam para que se concretizem. Há que ter paciência e saber esperar, há que cuidar do sonho, mudar o contexto onde se insere, quando o terreno não é fértil. Há que saber transplantá-lo, retirar as folhas secas e leva-lo connosco, para onde quer que formos.
São os meus sonhos, são eles que me fazem mover, mudar, crescer, procurar. É por eles que me desassossego e é com eles que me ocupo. São eles que me guiam, quando tudo o resto falha.
E são coisas simples e tranquilas, os meus sonhos. Carregam em si o potencial de flores e frutos quando o momento e local e o tempo propicio chegar. Nunca tudo ao mesmo tempo mas um de cada vez. E se o terreno onde se encontra não é fértil, pois que me resta apenas pegar no sonho, coloca-lo cuidadosamente num vaso bonito e voltar a viver, enquanto mantenho a alma aberta aos sinais que me indicam que aquele terreno tem, não o aspecto, mas as características básicas para que o meu sonho posso crescer, dar flores na primavera e frutos no verão.

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos

como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul
eles não sabem que sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
no perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste ou capitel
arco em ogiva, vitral

Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia
máscara grega, magia
que é retorta de alquimista

mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim

passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora

cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança

António Gedeão

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Continuar

Quero continuar
A acreditar
Não em ti
Em mim
Quero continuar
A acreditar
Não em ti
Mas em mim
E na grandeza
De amar
Que tenho
Contido
Em ti
Em mim
*
*
Enquanto o frio se instala
E me gela a alma

domingo, 26 de dezembro de 2010

Desvanecer

"Love never dies a natural death. It dies because we don't know how to replenish it's source. It dies of blindness and errors and betrayals. It dies of illness and wounds; it dies of weariness, of witherings, of tarnishings."
Anais Nin
*
*
Não é que o amor morra, mas desvanece-se, extingue-se. Nunca de forma natural. O amor nunca morre de morte natural. Morre porque nós não sabemos como procurar a sua fonte. Morre por sermos cegos, pelos erros e traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, morre porque o manchamos e deixa de brilhar.

sábado, 25 de dezembro de 2010

De Corpo e Alma

A lover knows only humility, he has no choice.
He steals into your alley at night, he has no choice.
He longs to kiss every lock of your hair, don't fret,
he has no choice.
In his frenzied love for you, he longs to break the chains of his imprisonment,
he has no choice.
A lover asked his beloved:
Do you love yourself more than you love me?
Beloved replied: I have died to myself and I live for you.
I've disappeared from myself and my attributes,
I am present only for you.
I've forgotten all my learnings,
but from knowing you I've become a scholar.
I've lost all my strength, but from your power I am able.
I love myself...I love you.
I love you...I love myself.
I am your lover, come to my side,
I will open the gate to your love.
Come settle with me, let us be neighbours to the stars.
You have been hiding so long, endlessly drifting in the sea of my love.
Even so, you have always been connected to me.
Concealed, revealed, in the unknown, in the un-manifest.
I am life itself.
You have been a prisoner of a little pond,
I am the ocean and its turbulent flood.
Come merge with me,
leave this world of ignorance.
Be with me, I will open the gate to your love.
I desire you more than food or drink
My body my senses my mind hunger for your taste
I can sense your presence in my heart
although you belong to all the world
I wait with silent passïon for one gesture one glance
from you.
Deepak Chopra
*
*
Quando não existem tempos, nem momentos, porque quem ama não tem escolha.
*
*
So, please, release me...
*

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Nascimento

Natal significa Nascimento.
Sem estar ligada a nenhuma religião consigo perceber que dizer a alguém "Feliz Nascimento" pode transformar toda a forma de estar nesta época natalícia... ou seja nesta época em que nos é dada a hipótese de voltar a nascer. Ou de nascer para uma consciência diferente, para uma consciência ampliada de si e dos outros. Sentimos um pouco o significado que a expressão pode ter sobre nós quando temos actos de bondade e generosidade (no fundo de empatia) com estranhos e outros menos estranhos, quando resolvemos mimar-nos um pouco e oferecer a nós próprios a prenda de nos permitimos estar mais em sintonia com o que somos, quando nos relacionamos connosco e com os outros. A perspectiva de que isso não ocorra, geralmente, conduz-nos a estados de desconforto, melancolia e tristeza nesta altura do ano. Quando pressentimos que estamos a viver este momento de uma forma ligeiramente desviada.
Curioso como esta hipótese acontece entre o Solstício Inverno, em que a noite mais longa acontece e a promessa de sol surge no horizonte, e a passagem do ano quando sentimos claramente que termina um ciclo e começa outro. Entre essas duas datas ocorre a hipótese de Nascimento do melhor em cada um de nós. Quando esse nascimento ocorre, desta forma, em consciência, ele pode manter-se e ser celebrado a vida inteira, todos os dias, a todas as horas, em cada momento.
Nessa perspectiva, os meus votos partilhados para este Nascimento são simples.
Que sejamos sempre capazes de aprender a transformar as nossas mágoas e tristezas em motivos para sorrir. Que as nossas dores nunca nos impeçam de sentir e perceber a dor dos outros e que tenhamos também a capacidade de os fazer sorrir. Que tenhamos sempre a abertura de espírito e a visão de aceitar que somos humanos e cometemos erros, que às vezes magoamos os outros mas que estamos sempre a tempo de pedir desculpas pela dor que causamos, de aprender com eles e assim dar espaço para cometer e aprender com erros novos. De passado algum tempo percebermos que afinal não existem erros, nem nossos nem dos outros, e que de outra forma não teríamos a possibilidade de aprender.
Que tudo acontece exactamente como têm de acontecer e que pré-ocuparmo-nos com isso não muda nada. Que muitas das coisas com que nos preocupamos nunca acontecem e que os Ses nunca deixaram histórias para contar. Que, depois de acontecer uma mudança, revoltarmos-nos com ela só serve para atrasar o processo de aprendizagem. Que sejamos capazes de reconhecer a beleza contida nesse processo e
Que sejamos sempre capazes de perceber que o que mais nos incomoda nos outros é simplesmente o que mais tentamos esconder de nós mesmos. Que sejamos capazes de o reconhecer em nós e de aprender a expor e a trazer para a luz do dia essas questões, de forma a nunca se transformarem em fantasmas que nos ensombram.
Que o maior e mais forte acto de coragem é dizer, Sou frágil.
Que sejamos humildes sem nos deixarmos humilhar e perceber que é a pessoa mais humilde que tem menos motivos para ser humilhada.
Que nunca confundamos leveza e alegria com superficialidade e futilidade. A alegria e a leveza é um estado que nasce após um estado de intensa dor, em que nos dispomos a ir ao poço mais fundo da nossa alma limpar o lodo acumulado. Quando o fazemos com esse objectivo, invariavelmente regressamos à tona com o maior dos tesouros. O Amor e aceitação ao que somos, ao que estamos, ao que vemos reflectido no espelho dos olhos dos outros. E que só no poder dessa pérola podemos ver e sentir os outros da mesma forma. E que quando descobrimos essa pérola não reflectimos, não reagimos quando os outros nos julgam. Adquirimos a capacidade de compreender os motivos dessa acção e de agir para um bem comum.
Que aprendamos a aceitar sem nos resignarmos a circunstancias em que nos tornamos vitimas por escolha própria.
Que mais ninguém a não ser nós mesmos temos a possibilidade e o poder de mudar as regras do jogo da nossa vida, de romper com limitações e situações, de reinventar a nossa realidade, que por vezes basta mudar a perspectiva e dizer um redondo, Não quero isto para mim, Não quero ser assim, de corpo, alma e coração para que as verdadeiras mudanças e nascimentos aconteçam.
Que a felicidade é feita de coisas muito simples, de pequenos gestos, toques e olhares, da aceitação e valorização do que somos e do que temos. Que a verdadeira felicidade surge quando estamos ligados ao que somos, quando o que fazemos, sentimos, pensamos e dizemos está em harmonia.
Que, façam o que fizerem, vão onde forem, amem quem amarem, o façam inteiros e presentes, de corpo e alma e mente, cientes que todos somos divinamente perfeitos nas nossas imperfeições.
Que é natural ter dúvidas e não saber o que fazer. Que é natural ter medo. Isso acontece quando deixamos de nos ouvir, quando deixamos de ouvir o que o nosso coração sabe. Quando isso acontece aprendam a ficar quietos, a saber esperar, não a espera do bater do dedo para que passe depressa, mas a espera activa, em que a paciência, a aceitação, o silêncio, a empatia e a alegria são cultivadas, para que, quando a espera termine, possam germinar e crescer no vaso que escolherem com o vosso coração.
Como dizia a outra autora, quando não souberem o que fazer, esperem e escutem até a vossa mente silenciar e possam ouvir claramente a voz do vosso coração.
E que nunca esqueçam que um nascimento é um parto. E que por muito doloroso que por vezes seja, o ser que nasce nesse momento tem a Vida pela frente e é puro potencial.
Com todo o meu amor...
Um Feliz Nascimento *

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Reflexões

É mesmo amor, isso que sentes
Ou simples necessidade
De te olhares reflectido
Num espelho partido?

Pois que estranho
Essa estranheza sem fim
De me sentir partida
E, ainda assim,
Te amar e querer dar
Com cada pedaço de mim.

Se te sentes não aceite
Quando espreitas
Este espelho, considera
Que, se mais não te dou
Talvez seja porque,
Estranhamente, rejeitas
O que te ofereço e o que sou.

Considera também, amor,
Que quando te desvias,
Algo se rasga
E a imagem que espreitas
Regressa aos teus olhos
E aos teus sentidos
Com o inconfundível gosto
A sangue derramado,
Típico de corações partidos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Coisas do Estar

Gosto de calor, de aquecedores e sacos de agua quente, de mantas e cobertores, de cachecóis e abafadores, de chá de rooibos e de frutos vermelhos, de canela, do cheiro e crepitar da lareira, de pão quente com manteiga, de doce de gila e de melancia, de queijo de ovelha, de rodilhas, de palavras e coisas antigas, de café sem açúcar e de chocolate, do mar, das florestas, de cascatas, da montanha e de praias desertas, de passear de mãos dada, de dormir tarde e não ter hora de acordar e de o fazer aconchegada, da cor do céu em Setembro, do por do sol, de gatos, de estar bem acompanhada, de estar sozinha, de escrever e meditar, de mudar de casa, de me perder, de viajar, de conduzir, de dormir na praia, de amoras silvestres e de sopa de urtigas, de ouvir musica e dançar descalça, das palavras que preenchem os vazios, do silêncio quando não há palavras, de abraçar e ser abraçada, de escrever em esplanadas desertas, de paisagens inspiradoras e abertas, de gentes, de bom vinho e do som do violoncelo e do violino, de estações e aeroportos, de ver as pessoas passar enquanto me deito a adivinhar, de sentir a chuva e o cheiro da terra molhada, de regressar a mim quando não me sinto segura, de virar páginas e dobrar esquinas, de recomeçar, de ver o meu filho crescer, de ver as estações mudar, de rugas e cabelos brancos, de me sentir amada e desejada, de aprender coisas novas e de recordar coisas passadas, de perfeitas imperfeições, de novos olhares, de poesia e de contos de fantasia, de histórias de vida e de epifanias, de sonhar acordada, de ouvir as verdades dos outros e viver as do meu coração, de dormir tranquila, de paz e agitação, de banhos demorados e, de preferência, acompanhados, de romantismo quando estou apaixonada e de jogos de sedução, de hera e de gerberas, de apanhar fruta das árvores, de oliveiras, de fazer sestas na relva, de dança e taichi, de transpirar, de quintas escondidas, de grutas, capelas e igrejas antigas, de templos e de artes perdidas, de andar de bicicleta e de caminhar, de bróculos, de cenouras, de óculos escuros, de brincos, pulseiras e colares, de chávenas de chá, de livros, de pincéis, de sótãos, de escadas em caracol e de rodopiar, de fazer desenhos na areia, de puzzles, de coisas simples e de avelãs, de olhos, de mãos, de lábios e de pessoas loucas, simples e genuínas.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Frágil

Quando a vida nos troca as voltas e nos deixa ao sabor dos sonhos naufragados e recuperados, a baloiçarem, mal amparados em frágeis embarcações de papel.
Quando a lógica observa irónica e o sentimento coloca o coração nas mãos e ambos dizem, Ai, que se vai afundar. E contra toda a lógica o fino papel insiste em se manter à tona, suspenso nas águas por uma magia qualquer, ensopado, é certo, de medos, de fantasmas, mas mantém-se corajosamente a baloiçar por cima das ondas.
É que ele guarda dentro de si muita da fé que contenho, a fé no melhor de mim e de cada um de nós, no acreditar sem sentido, nos milagres e conquistas.
Quando um movimento brusco o faz baloiçar um pouco mais, quando ameaça ser afundado por um balanço ou sugado por um remoinho uma ou, às vezes, mais mãos o amparam e ele, por milagre, insiste em se manter à tona.
E enquanto insisto em continuar a acreditar, com todas as razões para o fazer e no fundo sem absolutamente nenhuma, por vezes desalentada, por vezes desesperada, por vezes zangada, uma parte de mim observa espantada o frágil barco de papel e reconhece o milagre que o sustem, enquanto uma outra parte insiste em me sussurrar ao ouvido, O quê, mas ainda acreditas?
Fragilidade e coragem, milagre e teimosia. O sonho e a fé não dependem da embarcação que os contém, é o que a minha alma responde. Mas, às vezes, só a ouço passado uns dias.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

202

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* .:::. São as vezes que aqui vim partilhar algo de mim .:::. *
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