segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Massa Crítica

Quando penso nas coincidencias, nunca consigo deixar de pensar na teoria do caos, nos seus sistemas dinamicos não-lineares e nos atractores estranhos. Atractores estranhos são pontos para onde o aparente caos tem tendencia para se dirigir... como é que tudo isto está relacionado? Aparentemente em nada. Em nada continuaria se não encontrasse esses mesmos estranhos atractores na vida do dia a dia. E se não me passasse à frente dos olhos o nome e conceito Sincronicidade (três vivas ao Jung que se fartava de observar e reflectir de espírito aberto).
Penso tantas vezes que tudo isto é só uma questão de crenças. Que cada um com as suas e que é claro que se quisermos acreditar que nos movemos num mundo aleatório, regido por meia dúzia de leis que os cientistas estão constatemente a actualizar... será assim que vemos o que nos rodeia.
E o mais curioso é que realmente acredito nisso. Acredito que nos movemos num mundo regido por leis anda não exploradas e descobertas, que começamos a arranhar a superficie de algo muito maior, não necessariamente espiritual. Só não necessariamente espiritual, no sentido normalmente associado à palavra, porque pressinto muitas outras explicações...
Céptica?? Ou talvez não... Entrar no campo das crenças é a coisa mais traiçoeira e, por vezes, inútil que conheço. Cada um na sua bola de sabão. Cada um dá os nomes que quiser ao que muito bem entender.
E quando as bolas de sabão nos seus movimentos aparentemente aleatórios começam a convergir para um ponto, para um padrão? Quando cada vez mais bolas começam a deixar de ver apenas o seu interior e aprofundam o campo de visão? Quando começamos a aperceber-nos que as colisões aleatórias nos trazem significados novos, novas prespectivas?
Como é que uma ceptica convicta explica isso?
Confesso que tive umas ajudas extras para essa tomada de conscencia. Do padrão por detrás dos acontecimentos aleatórios... Apaixonada por ficção cientifica desde os meus 14 anos, li e reli e voltei a reler quase todos os clássicos. Todos aqueles que me falavam ao ouvido sobre outras formas de olhar para o mundo. Lembro-me de questionar, quando tive conhecimento do conceito de celula, se não seriamos todos apenas células de um ser gigantesco, com o qual apenas podiamos sonhar, quase totalmente alheios à sua verdadeira vontade.
Quando, devido a uma série de ... coincidencias, me vi obrigada a parar e aprofundar o campo de visão, não notei inicialmente nada de diferente. O nosso cerebro tem tendencia a ignorar tudo o que sai fora do ambito que conhece. Agarra-se de tal forma às crenças que quando confrontado com algo que desconhece, que sai fora do ambito da sua percepção, adapta a informação que recebe às suas próprias crenças. Ou seja.... para aquela pessoa que ficou lá atrás e para o vizinho do lado não aconteceu nada, não viu nada, nada mudou...
E quantos de nós já não ouvimos da boca dos maiores cepticos que não acredita em bruxas, mas que as há, há? Quantos de nós, no nosso crescimento não fomos confrontados, vezes e vezes sem conta, com o tipo de situações que nos obrigam a mudar as nossas crenças? Ou pelo menos a questioná-las. Vezes e vezes sem conta. As mesmas situações, as mesmas escolhas, os mesmos pensamentos, as mesmas emoções, as mesmas acções. Parece um ciclo infernal e é mesmo. Até decidirmos mudar. Mudar qualquer coisa neste ciclo implica mudar tudo. De inicio nem suspeitamos, apenas queremos mudar. E é nesse momento que surgem as coinidencias realmente espantosas. E nesse momento que nos apercebemos que não podem ser so meras coincidencias. Que existe um padrão por detrás. Um estranho e extraordinário padrão.
Não é que ele não existisse antes. Ele estava lá, bem visivel! Mas os os nossos sentidos pregam-nos partidas engaçadas. Mostram-nos as sombras e as nuvens e nós brincamos ao adivinha e faz de conta. Vemos o que queremos ver, acreditando que é essa a realidade. Que é assim, que somos assim, que os outros são assim... Chamamos lei da selva, cada um por si ou, no outro extremo, paz, amor e muita luz.
Questionar o que vemos, o que ouvimos, o que sentimos, o que pensamos e naquilo que acreditamos é a força motriz de qualquer mudança. E sempre que damos algo que precepcionamos como certo e verdade... é porque talvez esteja na hora de voltar a questionar, para que a mudança ocorra e o sincronismo nos ofereça novas direcções.
A questão aqui é a massa crítica...
Massa critica é a quantidade de material ou de pessoas, neste caso, necessárias para que ocorra uma reacção sustentada. Ou seja, a quantidade de pessoas que se começam a aperceber dos padrões por detrás dos acontecimentos e que começam efectivamente a mudar os seus pensamentos, emoções, acções e, em consequencia, as suas crenças em relação aos mesmo.
Massa critica é a quantidade de pessoas por todo o mundo que começam a mudar isoladamente mas que com a sua mudança desencadeiam uma mudança de comportamentos. Uma mudança de comportamentos que gera mais mudança.
Demasiado técnico? Eu sei, que sim. Que não está floreado nem emotivo. E permito-me estes comentários e forma de escrita porque estou farta de pensar sobre isto. Estou farta de procurar explicações, de procurar na ciencia algo que me confirme que, pelo menos, pelo menos andamos a farejar estes factos. Mesmo sem teorias comprovadas ou não.
Não sei se já o tinha dito aqui, mas as conversas mais interessantes que tive com pessoas da ciencia sobre espiritualidade e outras coisas que tal foi com fisicos. Fisicos, imagine-se! Até esses se colocaram no meu percurso para me garantir que há esperança que mais cedo ou mais tarde não vai haver como chamar maluquinhos às pessoas que veem, ouvem e sentem mais do que seria suposto.
As bolas de sabão continuam as mesmas. Talvez as suas paredes se tornem menos opacas, mais transparentes e começamos a ser cada vez mais os que precepcionam (e cuja mente não altera o que percebe) para além das suas fronteiras. Somos cada vez mais os que, a pouco e pouco, se apercebem que vivemos num mundo de ilusões e que talvez... talvez haja algo mais por detrás das coincidencias.

1 comentário:

Inês disse...

Só quero deixar uma reflexão minha.
Como sabes fiz a licenciatura em bioquímica. A minha formação na escola é a ciência, na minha casa somos todos movidos à base da ciência. Eu... bom já sou um caso à parte. Mas isto para dizer que quando deixei de arranjar uma explicação lógica, racional e concreta, com valores palpáveis e comum a todos as outras pessoas para aquilo que me acontecia descobri um novo mundo. Neste momento deixei de arranjar respostas concretas e racionais para simplesmente acreditar, ter fé (se eu compreendo bem o significado de fé). E podemos colocar estas formas de viver como diferentes crenças. Neste caso a crença de que tudo deve ser explicado racionalmente e a crença de quem acredita e tem fé. O ideal como tudo na vida é existir o equilíbrio na dualidade para se complementarem.
Assim neste momento deixei de me preocupar de arranjar uma explicação racional para as coisas e passei a simplesmente a viver acreditando. Se essa explicação, se essa validação racional e experimental com valores aparecer ainda melhor senão... bom... está tudo bem na mesma.