terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vens ou ficas?

Existe uma voz no vento de Sul que me canta baixinho ao ouvido...
Umas vezes canta mais alto (ou serei eu que ouço melhor), outras mais baixo.
Dentro do vento existe uma voz e dentro da voz um verso, que me relembra um acordo que fiz noutra vida qualquer.

O verso conta estórias de pessoas juntas a quererem aprender a viver juntas. Conta estórias de vales floridos na primavera, de fontes de agua limpa e fresca, de arvores e duendes.
Conta-me estórias de partilha e de noites à volta do fogão a lenha, de pão quente acabado de cozer e de tempo para contemplar. Conta-me como o meu filho cresce a subir às arvores, sem medo de sair à rua e a confiar nas pessoas.
Conta-me que tenho de passar por ali para regressar aqui.
Conta-me essas e outras estórias e vai-me mostrando o caminho.

Por medo, fiz-lhe ouvidos moucos durante algum tempo... ou então não era o tempo.
Esse tempo vai chegando ou eu não sabia e já estava aqui.

O aqui e o ali misturam-se no vento e no tempo e as aventuras acontecem já aqui.
Vou... e fico.
E se ficar é porque vou e se for é porque fico.
E tu, vens ou ficas?

2 comentários:

Inês disse...

Eu fico, pois já encontrei o meu sítio :)

Cris disse...

Sabes que a minha conversa com a Carla, em casa do Gregor, foi sobre isso? Sobre a minha busca idiota do meu sitio, do sitio onde quero ficar... Nunca sei para onde vou, mas sei que aqui já não faz sentido ficar. Aceitei isso como as voltas que a vida dá durante muito. E depois comecei a perceber que é um factor interno. O sitio são desde locais a pessoas, é preciso que se perceba. A conversa com ela foi para eliminar o ego dessa ida e ficar a questão intrínseca. Vou porque tenho de ir e não porque esteja a fugir de algo. Vou porque sinto que me chama o ir não sei para onde e não porque queira virar costas onde estou. Não vou a olhar para trás, vou a olhar em frente. A diferença entre ir e fugir são os argumentos que utilizo para me convencer a ir ou ficar. Fujo quando argumento a mim mesma as razões de ir. Vou quando argumento as razões para ficar.
Feliz por ti, querida :)
Não sei se será o meu sitio... mas é com certeza um sitio para onde sinto que vou.
Beijo no coração, irmã *