quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Num qualquer futuro

Escondo os olhos atrás dos óculos escuros enquanto relembro os detalhes de um qualquer futuro.
As mãos que nunca se largaram, a confiança que nunca foi traida, as oportunidades que não foram perdidas.
São ambos jovens e esperançosos. Ela de cabelo negro e liso, olha timidamente por debaixo da franja e observa os gestos dele. Ele hesita. Pondera o quanto tem para oferecer... é uma oportunidade que não se vai repetir tão rapidamente. A hesitação prolonga-se enquanto a dureza atravessa o olhar, a frustração de saber que aquele momento merece melhor, que aquele amor merece mais e de não ter mais para oferecer.
A mulher pondera enquanto o observa. Ela tem um pouco mais que ele para oferecer... não muito mais, mas o suficiente para tornar aquele o momento deles, para dar o que aquele amor merece. Estende a mão para a dele e aperta-a. Levantam os olhos e admiram-se mutuamente. Sim, pensa ele, quase tão alto que o ouço do meu ponto de observação, sim, aquele amor merece melhor que o que tinham inicialmente. Aperta a mão dela firmemente e oferece-lhe o que tem. As mãos seguram-se num abraço e descobrem que quando juntam o pouco que cada um tem, sem reservas, transformam-no em muito... e que a soma das suas partes tornou aquele momento perfeito. Quando ambos se apercebem que aquele amor merece mais.
Acordo a recordar as faces, as mãos, a sensação de oportunidade rara... De estar a ser-me dada a oportunidade de ver um filme antigo projectado no futuro. De um sonho projectado num qualquer futuro...

Sem comentários: