sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Névoa

Sinto uma sombra, uma névoa que atordoa.

Sinto-me tão desligada de tudo que nem me sinto. Tocam-me no corpo e pergunto se estou dormente... sinto?

Tocam-me na alma e pergunto se estou dormente... sinto? Tocam-me no coração e pergunto... sinto?

Sinto?

Sinto, sim, mas desligada do corpo.

Da alma? Sinto-me dormente, sei lá onde está a alma?

Arrogante? Indiferente, sim... se passa por arrogancia é apenas aos olhos de quem o é.

Sinto, sim. A alegria, a esperança e a dor... dos outros. Onde está a minha?

Sinto, sim, mas desligada do tempo, dos dias e das horas que passam.

O ontem confunde-se com o amanhã e o sonho com a realidade.

Sinto, sim, indiferente a quem caminha, a observar a paisagem que passa, enquanto pergunto, que faz ela?

Sinto, sim, quando danço descalça, indiferente ao pó que piso, aos pés que protestam e à vontade de amar.

Sinto? Enquanto teclo vagarosamente cada sílaba, hesitante sobre o que sinto, pergunto, mas que escreve ela?

E quando me olham nos olhos e eu fujo com o olhar, sinto. Sinto que os olhos não mentem e não me quero mostrar.

Quando vejo um reflexo de uma qualquer mulher que passa, vestida como eu, pergunto, quem é aquela que ali vai?

Sinto, sim, a venda de névoa que coloco para sentir outra coisa, em vez da dor que sinto.

2 comentários:

a.mar disse...

Amiga!!!!...
tens dançado?
Aproveitei para ver os vídeos, este, o do forró e o do Estilo Kusturica.
Bem... porque é que este festival é tão longe?
Porque é que não há um baile destes aqui ao pé...?
porque é que deixou de ser hábito dançar?
Com as taças realmente reparo que damos pouca importância ao som que nos rodeia e pouco nos deixamos levar na onda da vibração. Queremos e temos quase todos os gestos controlados, uma chatice!
descontrolo-me um bocado com as crianças, com o meu sobrinho, mas pareço uma E.T. no meio do pessoal aqui.
Tenho-me cheia de outras coisas que não tenho aqui, não cultivo. Umas poucas de sementes que não brotam. Nas últimas semanas tenho estado a limpar a minha casa. Não é névoa, é mesmo pó, eh eh eh....
Mas...
ESPANTA-TE RAPARIGA ou MULHER, ALMA ou SOMBRA!!!!
ESPANTA-TE ESPÍRITO!!!!!!

Cris disse...

Miss you woman *

Queres que te avise quando houver aqui por Lisboa algum engraçado? lol
As pessoas não deixaram de dançar (mais ou menos). Deixaram de dançar em grupo, o que é ainda mais triste. Perdeu-se a noção de grupo na dança, de rir, pular e cooperar juntos.
As danças tradicionais portuguesas quase que se perderam durante o regime... era preciso pagar para se poder organizar um baile, não podia ser expontâneo pois era considerado um ajuntamento... sobreviveram os ranchos e as suas desafinações perpétuadas.
Felizmente existe cada vez mais jovens a aderirem a este movimento de recuperação, afinação e modernização... mas perdeu-se bastante o sentido e história por detrás de cada uma delas.

A nevoa passa e o pó assenta... às vezes é preciso :)

Obrigada pelo teu post, Magui, que mesmo ausente da vista continuas a pintar paredes e o mundo de cor. Obrigada pelo Espanto que me causaste :)

Beijo no coração *