quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tarot

Esta foi a resposta a um email de uma irmã de coração em relação ao Tarot.
Quando o acabei de escrever percebi que ia ter de colocar nalgum sitio visivel. Pelo conteudo e por mim...
Para quem o consiga ler até ao fim dou, desde já, os parabéns pela paciencia! ;)
"Não sei se te apercebeste que eu raramente deito cartas. Houve um momento da minha vida que o fazia mais, neste momento só o faço em caso de necessidade e nunca para mim.
As consultas que dou são uma chatice... quando as faço a amigos as coisas correm menos mal e mesmo assim nem imaginas a quantidade de vezes que recuso e que lhes pergunto se eles já não sabem a resposta, logo para que que querem que lhes dei-te cartas. As outras pessoas que me trazem, veem na condição de estarem mais que avisadas que não faço previsões, que não respondo a qualquer tipo de pergunta que não tenha um contexto terapeutico e que nem vale a pena virem, se vierem só por curiosidade. Ou precisam mesmo de ajuda ou então nem vale a pena. E isto vale para toda a gente. A pessoa tem de estar disponivel para ouvir e tem de ter uma semente a germinar de vontade de mudar. Se não, nem veem.
Explico sempre, mas sempre que as minhas consultas não são faceis. E que o que acedo e o que digo só serve para a pessoa deixar de focar o exterior e começar a focar e a perceber qual a sua responsabilidade na situação exterior. Digo sempre que até lhes posso dar respostas, mas estas só servem para se conhecerem melhor e para tomarem consciencia das implicações dos seus próprios actos. E que no fundo cada pessoa já sabe o que lhe vou dizer, pode é ainda não ter tomado consciencia disso ou então estar a precisar de ouvir de fora. Ou seja... que a resolução e resposta às suas perguntas dependem do trabalho que as pessoas fazem e não de mim.
Depois, antes de cada consulta, faço questão de desmistificar o que é isso do tarot, para mim. E como não tenho a certeza se já o fiz contigo vou faze-lo por escrito: O tarot é um instrumento da minha intuição. Como é o pendulo e a meditação. Utilizo-os de forma diferente, mas são apenas ferramentas. São instrumentos, da intuição. E nada mais. E intuição toda a gente a tem. Toda a gente é capaz de utilizar um baralho ou um pendulo. Pode é não estar para isso ou não sentir esse apelo.
Explico sempre o que é a intuição, para mim. Que é um caminho que temos de manter limpo e cuidado, e que nos permite aceder a uma biblioteca extraordinária, a essa parte de nós que sabe que somos todos um e que estamos todos ligados e interligados energética e espiritualmente uns aos outros. Que quando acedo aos registos delas, no fundo estou a aceder aos meus tb. E que qq pessoa, se limpar o seu caminho interior, tb lá consegue chegar facilmente. Essa biblioteca é relativamente complexa e não se pode ter acesso a todos os livros e prateleiras. Se trabalharmos e nos esforçarmos como pessoas para elevar e melhorar a nossa energia conseguimos aceder a prateleiras e estantes progressivamente mais altas, mas que também requerem uma maior responsabilidade e cuidado de manuseamento.
Acontece que nem sempre percebemos o que está escrito nos livros, ou então estão tão confusos que é dificil perceber o fio à meada. O que o tarot faz é servir de tradutor. Cada uma das cartas funciona como uma letra do alfabeto. E, como na escrita, se pusermos as as letras em determinadas ordem elas escrevem coisas diferentes, palavras diferentes. E até mesmo as palavras mudam de significado em frases e contextos diferentes. O tarot é apenas o tradutor que aprendi a usar. Para isso tive (e ainda tenho) de estudar o significado de cada carta, dos simbolos dentro da carta e de me habituar a reconhecer a sua frequencia energética.
O reconhecimento da frequencia energética é quase sempre feito de forma inconsciente.
Pessoalmente, necessito de um ambiente seguro, onde me sinta protegida e sem barreiras, para fazer lançamentos. E preciso de algum tipo de ritual inicial para me ajudar a entrar num estado alterado de consciencia onde me transpessoalise (nem sei se é assim que se escreve). Ou seja, em que consiga chegar mais perto desse sitio, desse momento em que eu e a pessoa que tenho à minha frente sejamos a mesma, mas com uma perspectiva diferente de mim ou da dela. Onde esteja fora de mim e dela a observar o que se passa. A aceder ao paragrafo do livro da sua vida, relativamente à sua questão actual. Enquanto me permito que isso aconteça as minhas mãos estão a reconhecer o baralho, a sua frequencia energética e a colocar as cartas pela ordem em que a minha parte "de cá" as consiga interpretar.
Faz parte do meu ritual agradecer aos meus guias espirituais a sua presença e ajuda para me ajudarem a manter-me neutra e focada, de forma a que o lançamento contribua para o crecimento espiritual da pessoa em questão e para o meu. E agradeço a presença dos guias da pessoa, de forma a que ela esteja receptiva e a ajudem no seu crescimento espiritual.
E por fim, antes, durante e depois dou sugestões de ferramentas que a pessoa pode utilizar para lidar com este ou aquele bloqueio, dependendo do bloqueio e da pessoa. Vai de yoga a Tai Chi, de livros de exercicios de auto-estima a livros sobre espiritualidade, de meditação a idas à praia e banhos de mar, de exercicios respiratórios a abraçar arvores.... todas as minhas e todas as que me passam, mesmo que não as utilize. Sim, e do que os meus guias sugerem. E eles são os primeiros a dizerem-me para ensinar as pessoas a pescar.Já fui pescar pelas pessoas e não gostei nada da sensação de dependencia nem da imagem com que as pessoas ficavam de mim. E tinha muito mais consultas na altura. Neste momento ensino a pescar... e tenho muito menos consultas e felizmente a maior parte das pessoas percebe que as minhas respostas são simples, mas não são faceis. E como quem não gosta não come, quem vinha à espera de palhaçada não volta. Quem vem em busca de si mesmo normalmente não volta pelo tarot, mas vai mais cheia. E quando volta foi porque perdeu a perspectiva durante algum tempo e precisa de ajuda para se voltar a focar. São poucos... mas enchem-me a alma :)
Eu gosto de brincar com a estórias das bruxinhas :) mas sei muito bem qual é o meu caminho, querida irmã. Às vezes distraio-me... ou então tento ver na escuridão de outro, só pela curiosidade. Mas enquanto estico o nariz para cheirar o que por lá anda estou atenta. E quando não estou levo nas orelhas (e é nestes momentos em que tenho de agradecer ter guias exigentes mas pacientes e agradecer a mim mesma por lhes ir dando ouvidos, mesmo que nem sempre perceba o que me digam).
Não sei se te tranquilizei. Para mim foi muito importante ter conseguido por palavras escritas qual a minha intenção ao lançar cartas de tarot. E de ter simplificado todo o processo. Espero que te tenha desmistificado o "Tarot" :) Já me disseram muita vez que eu não devia explicar o significado das cartas, que não devia desmistificar, blablabla.
Eu não sou hermética, não tenho segredos. Se me perguntam respondo. Quando não posso responder digo que não posso. Quando não sei, digo que não sei...
O tarot, o reiki, o pendulo, o yoga, o taichi, a meditação, os incensos e as velas e todas as outras ferramentas que existem para nos ajudar no crescimento pessoal e espiritual têm de ser desmistificadas. Em todas elas o que conta é, como tu disseste, a intenção com que se utilizam. Os segredos à volta destas e de outras ferramentas só têm conseguido dar "mau nome" à necessidade dos seres humanos de evoluirem espiritualmente...
Beijos muitos
Cristina"

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