sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tic Tac Tic Tac

13:33
Preciso de escrever... preciso de escrever e nem sei o que. As palavras atropelam-se os dedos enrodilham-se. E o pensamento... vazio.
13:34
Ontem estive aqui, comecei a escrever e apaguei tudo. Não ia dizer nada e achei que se dormisse sobre o assunto (não dizer nada) me passava ou então conseguia expressar-me. Como é que se fala sobre não dizer nada?
13:35
Mas tenho algo para dizer. Só posso ter e não estou a descobrir o que. Tenho, talvez, algo a dizer a mim própria... ou então só preciso de escrever.
13:36
Não costumo ser obsessiva. Quanto muito compulsiva (vou ter de ir ver a definição da palavra), mas não é normal ter ouvido em repeat a mesma musica no mp3 durante quase toda a manhã.
13:38
E os minutos passam e eu na mesma... a perseguir (ou a ser perseguida?) por uma musica, por siglas e palavras, por letras, sons e imagens. Enovelam-se e sucedem-se e eu fico a ve-las passar. A unica coisa que aumenta é esta urgencia.
13:40
Não sabes que não faz mal? Não sabes que mereces? Tenta! Acredita!
13:42
Hoje vi vacas leiteiras em plena Pr. de Espanha... Primeiro pensei que fossem estátuas, de tão imóveis pareciam estar. Quando olhei com mais atenção percebi que estavam vivas e se moviam lentamente, assustadas por alguém ter achado que a relva no meio das estradas barulhentas se poderia assemelhar a um pasto verde e silencioso. Estavam assustadas, moviam-se lentamente, espantadas pela confusão e ruido. O que será que passa na cabeça de algumas pessoas? A que preço se faz a publicidade?
13:44
Já se passaram 11m?? Continuo sem perceber....
13:45
E como não largo o teclado presumo que ainda tenha algo mais a escrever... faço silencio, respiro fundo, centro-me... deixo-me ir...
E a vida leva as aguas que lavam a planicie e a montanha. O vento leva as nuvens e a chuva e com ela as aguas que lavam a montanha verde. O que é ou quem é a montanha verde?...
13:49
Fecho os olhos e vejo uma encosta enovoada, de vegetação rasteira verde e coberta de orvalho... Olha no que as vacas me puseram a pensar.
13:50
Devia alugar um camião de transporte e leva-las para onde devem estar. Não ali. Mas onde as vejo.
13:51
A cidade é uma violência. Uma violencia psiquica, mental, emocional, ruidosa em todos os aspectos. Como é que não se fica anestesiada?
Porque é que aqui continuo? Ando à espera do que??
13:55
É verdade que, desde que voltei à cidade e à poluição, não tive outro remédio senão aprender a centrar-me no meio da multidão. Ou isso ou a minha faceta borderline caía para qualquer sítio estranho.
13:57
É verdade que aprendi à minha custa a ligar e desligar o botão da sensibilidade exagerada. Ainda não sei se isto é bom ou mau... é o que é. Sentir permanentemente os outros não me dava espaço para perceber o que sentia. É o que é...
13:59
Não me apetece que os minutos passem para as 14:00. Se nunca mais olhar para o relógio , pode ser que não passe. Olho outra vez e continua sem passar... Não vou olhar... não vou olhar....
14:00
Olhei! Raios! Maldita numerologia! Tenho de arranjar um botão para os simbolos e arquétipos. Tem estado sempre ligado e às paginas tantas fico com a sensação que continuo a tentar dizer algo a mim mesma e não percebo o que...
14:02
Devia estar a trabalhar... devia estar a trabalhar e não estou. Aprendi uma palavra nova: Procrastinar! Significa adiar o que se tem de fazer muito para além da pressão da ultima hora. Passam os prazos e começa a sentir-se culpa de se saber que há coisas que devem ser feitas e que já se deixou passar os prazos há muito tempo...
14:05
Como se existisse prazo mais importante que não adiar o coração. Agora lembrei-me do poema e da musica. O poema é mais bonito que a musica...
14:07
Não adies o coração...

2 comentários:

Inês disse...

É o que faz estarmos em sintonia. As pessoas que eu encontro tem uma mensagem para mim e para ti também. Desta vez o encontro foi em pleno café em Melides, uma Sra Alemã que dava cursos de meditação e que fugio da Alemanhã porque a energia era demasiada para ela. Está tão ligada ao Universo que não consegue por os pés no chão, ao ponto de ter de deixar de meditar. Ele há coisas...
Entretanto também vejo claro o local de pastos das vacas e não é de certeza no meio da Praça de Espanha. Beijos Linda

Carla Guiomar disse...

Pois é.. as cidades estão cheias de mamíferos assustados... vacas, mulheres e homens.. que trazem pastos no coração. E sim, às vezes não se pode adiar mais o coração, nem os pastos.
Alucinação, Amar, Mudar, Tambores... parecem-me ingredientes de um trabalho de parto.. Que bom... respira e entrega-te.. algo de belo vai nascer!
Beijinhos Cris!