domingo, 26 de julho de 2009

A Vida Redonda

Ando por Lisboa o ano inteiro, passeio pelas calçadas durante horas, sento-me em esplanadas com vista e nos passeios do Bairro e da Bica a beber ginjinhas, estendo-me na relva da Gulbenkian. Conheço pessoas quase todos os dias. Mas passo dias sem encontrar ninguém conhecido pelas ruelas e avenidas de Lisboa.
Numa noite e um dia nas ruas e lugares da minha "aldeia" encontrei por acaso pessoas que me relembraram onde gosto de viver, dos rituais que gosto de cumprir, das pessoas que gosto de encontrar.
Pessoas que não via há cerca de 5 anos. E passaram por acaso, ficaram por acaso e reencontrei por acaso...
Durante um dia extenuante é agradável abrir os braços a estas pessoas. Como se a distancia de um rio, de um salto para a areia ultrapassasse universos, dobrasse o tempo e me fizesse regressar ou encontrar um lugar unico no espaço e no tempo. Aquele em que a saudade desaparece, o sol inunda a alma, o corpo respira fundo e as ondas embalam o ar.
Como se o ar fosse mais limpido, as cores mais vivas e o cinzento ainda não tivesse corrompido aquele pedaço de terra.
As distancias são maiores e os caminhos nem sempre conhecidos. Mas existe algo de eterno e familiar, existem memórias e novos começos. Existem as memórias dos outros e sempre novas pessoas. Como se uma simples travessia me transportassse para um imaginário diferente, onde tudo está mais à flor da pele. Onde tudo é mais real e Lisboa, vista ao longe, parece pequena e tacanha.
Foi uma noite tranquila, apesar da dificuldade e tempo para aqui chegar. Foi um dia cansativo. Mas houve uma verdade que veio ao de cima. Uma verdade daquelas que é comprovada pelo tempo e pela vontade no regresso.
Sempre e onde somos felizes, sempre e onde somos verdadeiros e consistentes no que somos essa verdade acaba por nos encontrar. A verdade de um momento, há muitos anos atrás, de um gesto simples, de uma atitude, de um reflexo do que sou que, passados todos estes anos, me surpreendeu e me retribui na forma mais simples de um circulo, me presenteou com uma atitude e um gesto, que me garantiu que fazemos a diferença na vida uns dos outros quando agimos em verdade com o que somos. Que na simplicidade do que somos fazemos parte do barro que nos une uns aos outros e ao mundo.

1 comentário:

Inês disse...

Somos todos Um e esta semana tive mais uma prova disso.

Beijos linda!