domingo, 19 de dezembro de 2010

Coisas do Estar

Gosto de calor, de aquecedores e sacos de agua quente, de mantas e cobertores, de cachecóis e abafadores, de chá de rooibos e de frutos vermelhos, de canela, do cheiro e crepitar da lareira, de pão quente com manteiga, de doce de gila e de melancia, de queijo de ovelha, de rodilhas, de palavras e coisas antigas, de café sem açúcar e de chocolate, do mar, das florestas, de cascatas, da montanha e de praias desertas, de passear de mãos dada, de dormir tarde e não ter hora de acordar e de o fazer aconchegada, da cor do céu em Setembro, do por do sol, de gatos, de estar bem acompanhada, de estar sozinha, de escrever e meditar, de mudar de casa, de me perder, de viajar, de conduzir, de dormir na praia, de amoras silvestres e de sopa de urtigas, de ouvir musica e dançar descalça, das palavras que preenchem os vazios, do silêncio quando não há palavras, de abraçar e ser abraçada, de escrever em esplanadas desertas, de paisagens inspiradoras e abertas, de gentes, de bom vinho e do som do violoncelo e do violino, de estações e aeroportos, de ver as pessoas passar enquanto me deito a adivinhar, de sentir a chuva e o cheiro da terra molhada, de regressar a mim quando não me sinto segura, de virar páginas e dobrar esquinas, de recomeçar, de ver o meu filho crescer, de ver as estações mudar, de rugas e cabelos brancos, de me sentir amada e desejada, de aprender coisas novas e de recordar coisas passadas, de perfeitas imperfeições, de novos olhares, de poesia e de contos de fantasia, de histórias de vida e de epifanias, de sonhar acordada, de ouvir as verdades dos outros e viver as do meu coração, de dormir tranquila, de paz e agitação, de banhos demorados e, de preferência, acompanhados, de romantismo quando estou apaixonada e de jogos de sedução, de hera e de gerberas, de apanhar fruta das árvores, de oliveiras, de fazer sestas na relva, de dança e taichi, de transpirar, de quintas escondidas, de grutas, capelas e igrejas antigas, de templos e de artes perdidas, de andar de bicicleta e de caminhar, de bróculos, de cenouras, de óculos escuros, de brincos, pulseiras e colares, de chávenas de chá, de livros, de pincéis, de sótãos, de escadas em caracol e de rodopiar, de fazer desenhos na areia, de puzzles, de coisas simples e de avelãs, de olhos, de mãos, de lábios e de pessoas loucas, simples e genuínas.

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