terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Anjos

Tive um sonho no meio dos meus delirios febris, esta semana. Não sei precisar o dia nem a hora.
Um sonho feito de cores fortes. De azuis brilhantes e laranjas profundos, salpicados de amarelo. De cheiros, do cheiro de uma casa de madeira antiga, limpa e pintada. Do cheiro da suavidade e leveza.
Levo ao colo sem qualquer esforço o corpo magro da minha avó. Transporto-a como se fosse uma criança pequena, amparada sobre o meu braço direito. Lembro-me de pensar que é mais leve que uma pena... com o seu espantoso cabelo negro e o seu rosto bondoso. Sorri. Olho para ela e é quase transparente. Está nua, a pele muito branca a fazer contraste com o cabelo e os olhos negros.
Subo um vão de escadas apertadas que vão ter a um sótão amplo, inundado de luz que as clarabóias do tecto deixam entrar. As paredes estão pintadas de cores fortes. Aponto-lhe as cores e as entradas de luz enquanto lhe explico o que "nós" fizemos. Estou entusiasmada e feliz, apesar de pensar que não sabia quem eramos "nós".
Percebo que estou a sonhar, começo a ficar confusa... olho para ela e ela olha-me nos olhos. Como é que uma aparencia tão fragil pode ter um olhar tão feliz, em paz, tão tranquilizador?.... Acabo por acordar, cheia de gratidão pelo presente que me deram.
Obrigada, Avó!
Por continuares a acompanhar os meus passos...

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