quinta-feira, 5 de março de 2009

Bussola no nariz

Já experimentaram fechar os olhos e deixarem-se guiar?
Há várias formas de nos deixarmos guiar, há varias formas de confiar.
Já experimentaram deixarem-se levar?
Começa devagarinho, com pequenas coisas... com um acho que é por aqui, acho que tenho de ir agora, acho que não quero estar aqui ou acho que tenho de estar aqui...
O que achamos, o que queremos e o precisamos são coisas que podem ser diferentes. Mas não precisam de ser diferentes. Podemos tentar deixar-nos guiar para o que precisamos. E aprender a faze-lo coincidir com que queremos e achamos.
Começar com coisas pequenas... como é que está a correr o dia? Normal, bem? Ou tudo empanca, nada flui? Estranho ou não... raramente fico presa no transito, raramente me perco. Aliás nunca me perco, são sempre oportunidades para descobrir sitios e caminhos novos.
Tudo são oportunidades para descobrir, reavaliar, mudar padrões. Tudo são oportunidades para coisas novas, diferentes. É sempre e só uma questão da nossa atitude.
Alguma vez fecharam os olhos e pediram para ser guiados?
Porque às vezes é assim que se começa. Pedimos a nós proprios para estar atentos ao que sentimos sobre o que se está a passar. Estamos atentos aos sinais. Sim, aos sinais, aos nossos sinais. Que nos entram olhos e alma dentro, guiados pelo nosso inconsciente, pelo que quiserem. As crenças ficam com cada um...
Devagarinho... uma pergunta de cada vez. O que estou a sentir? Como é que isto me faz sentir? O que tenho a aprender aqui? Começa com coisas simples. Mas sempre que pensares que não percebes porque, pára. Reavalia o que sentes. Pára. Respira funda e pergunta-te. Para que?Podemos não gostar das respostas, mas quando deixamos fluir, quando nos deixamos guiar por essa bussola interna atenta aos sinais externos... a vida ganha outro sabor.
Se passamos muito tempo a falar para fora, não escutamos o que dizemos para dentro. Pára de andar, pára de falar. Escuta com outros ouvidos que não estes, com os ouvidos internos e não ignores ou inferiorizes as respostas, só porque são nossas, só porque são tuas e mais ninguém as ouve.
Uma vez vi uma pequena animação sobre como se explicava a uma criança se uma coisa era boa ou má... e, na animação, diziam à criança: "Quando te sentires desconfortavel com o que se está a passar, quando te sentires estranho e achares que não tens a certeza, é porque não é uma coisa boa."
Aprendemos a ser crianças. Aprendemos a estar atentos ao que nos deixa desconfortáveis. Aprendemos a confiar de novo nessa bussola de nariz que as crianças têm e nem se apercebem. Nós, adultos... queremos tanto provar a alguém alguma coisa, precisamos tanto de mostar que nos esquecemos, mas esquecemos mesmo o que significa caminhar devagar. O que significa confiar e deixarmo-nos guiar suavemente. Esquecemos depressa e passamos o resto da vida a lamentarmo-nos. E nem assim nos silenciamos.
Não, não é possivel justificar as nossas escolhas quando começam a ser feitas através dessa bussola... mas porque é que têm que justificar? O que há para justificar? É mesmo preciso dizer alguma coisa? Pelo menos não é possivel justificar com razões. Mas podemos sempre dizer que é o que sentimos que é melhor naquele momento. É o que sentes que deves fazer. É o que sentes. E não há argumentos que toquem o que se sente. Podemos usar todos os argumentos e contragumentos. Podemos ter todas as discussões e conversas. Mas nada disso interessa. Interessa o que sentes. E para saberes o que sentes é preciso silencio. Podem olhar para ti de esguelha, podem dizer que não estás bem.... nunca estamos quando não seguimos as regras dos outros. Mas cada um de nós deve seguir as suas regras internas. Aquelas que, de tão enraizadas no mais fundo do nosso ser, nos habituamos a esquecer, a ignorar.
Experimenta... e volta a experimentar e volta a experimentar.
Não é preciso dizer "Não vou por aí", podemos sempre dizer "Vou antes por ali"
Já experimentas-te fechar os olhos, só por um segundo, respirar fundo e perguntar-te: por onde devo ir? O que posso fazer agora? O que preciso de fazer agora?
E quando as respostas nos levam para sitios estranhos... acredita. Acredita e aprende. Acredita em ti. Não no que fazes... no que és. E aprende enquanto lá estás.
E surge obvio, com a practica, com o tempo, debaixo dos nossos pés, aos nossos olhos por onde seguir naquele momento...

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