quarta-feira, 15 de abril de 2009

O que quero!

-"Tens uma vista linda sobre o Tejo... só é pena ver-se o Alto de S. João"
- "Bem antes pelo contrario.... relembra-me todos os dias que estou vivo!"
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Ligaram-me há dois dias a darem a noticia que uma antiga aluna minha tinha falecido....
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Desisti de trabalhar directamente em saude, depois de seis meses em que faleceram 4 pacientes meus, o que na altura me abanou por todo o lado e me obrigou a parar para pensar nas minhas escolhas de vida....
Fui para a formação por gosto, por necessidade e por trabalhar sempre com caras novas. E a ultima coisa que esperava é que me relembrassem aqui o quão efemeros são os nossos corpos, as nossas vidas, o que tomamos por garantido.... é a segunda vez que o fazem.
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E a minha tempestade interior passou completamente nessa noite. Passou quando voltei a olhar para o meu percurso de vida, principalmente nestes ultimos anos, e percebi que tenho feito exactamente o que tenho que fazer, tenho ido exactamente para onde tenho de ir, tenho estado exactamente com quem tenho de estar.
Antes do telefonema, tinha-se saltado da boca um "Faço o que me apetecer!", orgulhoso, de nariz empinado, provocador... A forma como o disse não podia ter sido pior. Mas ainda não o sei dizer melhor. Sempre foi a forma mais eficaz de dizer :"Não tentem influenciar as minhas escolhas, não me venham dizer o que fazer.... utilizem essa energia nas vossas vidas e permitam-me e respeitem que o faça na minha!".
Ao olhar para o meu percurso, depois do telefonema e ainda com o "faço o que me apetecer" a tinir nos ouvidos, relembrei todas as vezes em que respeitei e fui honesta comigo mesma e com o que sinto, em que não me permiti acomodações e contra tudo e todos rompi com situações e fui ter com outras. Em que vivi as consequencias dessas decisões. Em que tive muita gente a chamar-me louca e em que o meu proprio pai me tirou o tapete debaixo dos pés. E apesar de tudo não cedi. Não cedi aos outros, não cedi às circunstancias e às aparencias. Relembrei a dificil escolha de há pouco mais de um ano. Em que, mais uma vez, tive que optar entre respeitar o que sou e o que sinto ou viver uma mentira de aparencias.... toda a gente passa por isto, mais cedo ou mais tarde. É tão mais facil escolher a segurança, a aparente segurança, é tão mais tentador!
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E, no entanto, escolhi-me. Escolhi o que sou, o que sinto e o que quero!
Esta é uma forma mais simpatica de dizer "Faço o que me apetecer!", sem nariz empinado, sem provocação, sem encher o peito. Já poderia ter aprendido a dizer isto de outra forma... Mas não escondo de ninguém que também sou antipática, bruta e torcida, para além de doce e delicada, nesta estranha forma de vida. Cada vez menos.... mas de quando em quando.... acontece, para me lembrar que não gosto de estar assim e que tanta energia, tanta força pode ser direccionada para coisas mais produtivas.
Escolhi-me. Escolhi o que sou, o que sinto e o que quero. E continuo a escolher. E adivinhem??
"O faço o que me apetecer!" faz-me estar aqui, convosco, contigo *, a fazer exactamente o que quero, o que sinto e o que sou, de coração cheio, grande e um sorriso rasgado na face e nos olhos!
E, à laia de provocação, pergunto: "E agora?" *

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